José Aldenir/Agora RN.
Crentes em uma retomada do mercado nos próximos meses, principalmente após a aprovação do Plano Diretor de Natal, sancionado em março pelo prefeito Álvaro Dias (PSDB), executivos da construção civil e de imobiliárias entrevistados pelo AGORA RN ainda veem a capital potiguar defasada em relação a outros mercados da região. João Pessoa, Maceió e Aracaju – com porte semelhante a Natal – já acompanham passos dos maiores mercados da região, como Fortaleza, Recife e Salvador.
“Natal está um passo atrás comparando a mercados de portes semelhantes”, disse Wescley Guimarães, gerente da Moura Dubeux no Rio Grande do Norte. Para ele, são ao menos duas justificativas. Uma delas, um represamento de lançamentos imobiliários em Natal em virtude do Plano Diretor. “Os lançamentos que aconteceriam no ano passado foram represados para após a aprovação do Plano Diretor”, disse.
O segundo motivo foi a grande oferta de imóveis na cidade. “Vem de 10 anos atrás, quando Natal sofreu um boom imobiliário, o último ano foi em 2012. A cidade foi sobre ofertada em imóveis e isso causou desequilíbrio. Estes imóveis não foram todos absorvidos e isso veio perpetuando anos a fio até os últimos anos, em que emendou com a crise econômica e a pandemia”, apontou.
Mas os empresários dos segmentos imobiliário e de construção são uníssonos em apontar que o cenário deve mudar e a expectativa dos setores é que isto aconteça muito em breve. “Quem já comprou vai ficar muito feliz”, adiantou Caio Fernandes, empresário do segmento imobiliário.
Outra questão que pode ser alterada daqui para frente são os perfis de projetos. De acordo com Guimarães, a pandemia mudou algumas exigências dos clientes que tiveram a possibilidade de integrar a vivência do lar e o trabalho também. “O mundo passou por uma crise econômica, uma pandemia. E este desafio mexe com valores e afeta a mudança do consumo e isso vai ser materializado nos imóveis. Imóveis terão mais tecnologia, propostas de ambientação diferente, áreas de convivência diferente e que tentem integrar atividades laborais, seu trabalho com sua vida do dia a dia de forma mais tranquila”, adiantou.
PODER PÚBLICO
Mas de acordo com os empresários do setor imobiliário, o poder público também precisa fazer seu papel para colaborar para que o segmento cresça ainda mais na capital potiguar. “As secretarias que fazem aprovações precisam ser ágeis. Já que as regras são claras, e o Plano Diretor foi revisado, se perde muito tempo nos órgãos de aprovação. Na secretaria que aprova um projeto, você vai passar um ano para aprovar. Precisa melhorar urgente”, aponta Fernandes, que também elegeu a segurança como um dos pilares básicos que precisa ser reforçado em Natal.
Ricardo Abreu, da Abreu imóveis, também defendeu que o poder público precisa ter mais celeridade para aprovações e acredita que a infraestrutura também precisa de atenção. “O que eu acho que Natal precisa é seriedade nas aprovações, é um item fundamental. Precisa ter os processos aprovados com celeridade. Um segundo ponto é abrir novos corredores. Você faz uma melhoria em um bairro, as construtoras vão investir lá. Isso faz com que as cidades evoluam em geral. Não só aqui, mas no mundo inteiro”, finaliza.