Já se disse outrora, quer a paz, prepare-se para a guerra. A violência diária no país tem chamado atenção dos especialistas, que desfilam seus conceitos e soluções as mais variadas para pôr fim a ela, o que é uma utopia, ou pelo menos trazê-la a níveis confortáveis de tolerância social, o que é possível. A verdade é que não há uma solução pronta, perfeita e acabada que possa modificar de uma hora para outra a situação desesperadora por que passa o cidadão brasileiro, à mercê de toda sorte de violência cometida pelos meliantes, que avançam com domínio quase que total dos espaços públicos, como nunca visto em toda a nossa história.
Sabemos que as raízes dessa violência têm seu passado histórico edificado numa sociedade extremamente injusta, desigual e porque não dizer desumana, onde poucos afortunados gozavam do acesso à educação e das condições dignas de vida em sociedade, enquanto a grande legião do povo era escravizado, marginalizado e excluído do processo de desenvolvimento social. Com o passar do tempo a sociedade produziu este estado de coisas, que hoje lamentavelmente colhemos e que se providências eficazes de indução de políticas públicas sociais não forem inauguradas urgentemente, iremos sim com certeza legar um país pior para as futuras gerações.
As chagas expostas no país, mostram uma pandemia muito pior do que a da Covid-19, que ainda nos assola, que é a pandemia da exclusão social e da miséria, a exemplo das muitas crianças e jovens fora da sala de aula, o avanço do consumo de drogas ilícitas, a alta concentração de renda de poucos, o alto número de desempregados, o aumento de moradores de rua e todas as formas de discriminação, e que lamentavelmente sem providências, nos dão o Norte de que caminhamos para mais sofreguidão.
Se quisermos chegar a paz social que tanto almejamos e ganharmos a guerra dessa exclusão de vulnerabilidade social em que o país se encontra, teremos que nos preparar para a indução social de políticas públicas sociais que sejam capazes de levar todas as crianças para a escola, de garantirmos a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas, de tributarmos as grandes fortunas, de ofertarmos auxílio social transitório aos que buscam se inserir ou retornar ao mercado de trabalho, de recuperarmos aqueles que precisam abandonar as drogas ilícitas, além de dedicarmos nossa capacidade de pesquisa científica e estratégia, a médio e longo prazo, para refrearmos essas chagas sociais que nos afligem ao longo da nossa equivocada história.
Porém, não vamos imaginar que haverá salvador da pátria capaz de nos conduzir a esta vitória. Se vamos buscar a paz social, seremos nós mesmos, o conjunto de cidadãos de bem, que iremos guerrear contra estas chagas sociais, e após vencê-las ou minorá-las, legarmos um futuro melhor para as novas gerações que se avizinham e que merecem um país melhor e mais justo.