Um dos mais queridos blocos afro de Salvador (com sede no bairro de Itapuã), o Malê, que comemora 45 anos no Carnaval desse ano, reflete a influência profunda da cultura Malê na Bahia. Em 25 de janeiro de 1835, os rebeldes muçulmanos quase mudaram o destino de Salvador com a Revolta dos Malês. Imagine uma cidade com mesquitas em vez de igrejas, o chamado para a oração substituindo o silêncio da alvorada. Segundo dirigentes do Malê, as tradições oral e cultural da Bahia revelam a herança deixada por negros e árabes muçulmanos. “A herança persiste nas ruas, na arquitetura e nas tradições sertanejas. Neste cenário alternativo, mulheres fortes como Luiza Mahim e Emereciana, estrategistas da Revolta dos Malês, teriam papel central, contribuindo para moldar a história baiana”, afirmam. Apesar de não ter o mesmo destaque na mídia que o Ilê Ayê e Olodum, o Malê é um dos mais importantes blocos do segmento afro. Nasceu de jovens moradores de Itapuã, em consonância com outros que residiam em outros bairros como o Garcia e o Tororó. De fora, os jovens traziam a vivência de outras entidades culturais negras como o Melô do Banzo, Apaches do Tororó, Ilê Aiyê, Badauê e Diplomatas de Amaralina. O nome “Malê” é em homenagem aos negros muçulmanos que, em 1835, realizaram um importante feito na história do Brasil, intitulado de Revolta dos Malês. Já o nome “Debalê”, criado pelos fundadores do bloco, traduz, de acordo com o fundador Josélio de Araújo, uma conotação de “positividade”, felicidade, ou qualquer tradução de caráter afirmativo. Um Malê Debalê arretado. É dessa forma que o maior balé afro do mundo apresentará, nos dias de Carnaval, o tema “O que é bom, o Nordeste tem”. O bloco vai fazer uma celebração à identidade afro-indígena que alicerça os nove estados da região Nordeste, apontam diretores da entidade. “E para fazermos da nossa presença um espetáculo, teremos 20 alas coreografadas, com mais de 600 dançarinos, gingando no ritmo da Banda Malê e seus 80 artistas percussionistas”, revelam. E prosseguem: “A inspiração da concepção visual, cenográfica e coreográfica do desfile é a cultura popular. Sendo assim, teremos as referências das ganhadeiras de Itapuã, a dança do Caboclo e Cabocla de lança, o Samba do Recôncavo Baiano, Capoeira, Maculelê, Bonecas de Pano da Kalunga, Bumba meu Boi, e toda a reverência aos Orixás Ogum e Oxum, guardiães do Malê Debalê. Neste ano especial, em que o Malê Debalê completa 45 anos e falamos sobre o Nordeste, o nosso balé terá uma novidade: a partitura corporal dos bailarinos é inspirada nas obras do Mestre Vitalino. Arte, delicadeza, orgulho e alegria são palavras-chave do Malê Debalê”. O afro de Itapuã também realiza o evento Negro e Negra Malê, que é uma ode à tradição, arte e identidade. Nesse encontro, o Malê promove a celebração e orgulho de suas raízes. Para o Carnaval 2024, a programação está fechada: No dia 10, tem o Circuito das Águas – do Alto do Abaeté à Sereia de Itapuã. Concentração: 14h. Depois, o Circuito Osmar (Campo Grande), com desfile às 18h30. No dia 12, de novo no Circuito Osmar (Campo Grande), com desfile às 18h. E no dia 13, Circuito Dodô (Barra-Ondina), desfile às 18h. O Malê que fazer bonito no Carnaval que celebra os blocos afros, principalmente os 50 anos do Ilê Aiyê, que foi o primeiro a levar para a avenida a força que orgulha da raça negra. O Correio Folia tem apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador