No Rio Grande do Norte foram mais de 8,2 mil vidas perdidas para a Covid. Foto: Ney Douglas
É natural que parte da população se assuste com o recente aumento de casos de Covid-19. A pandemia ainda não acabou e todos ainda se lembram dos momentos dramáticos vivenciados entre 2020 e 2021. Só aqui no Rio Grande do Norte foram mais de 8,2 mil vidas perdidas para a doença.
Contudo, não há motivo para pânico. É preciso ter cautela para não transformar o discreto aumento de casos registrado ao longo dos últimos dias em razão para retroceder com medidas restritivas.
Em primeiro lugar, é necessário destacar que o número diário de casos registrados está muito, muito longe do ápice da pandemia. Ontem, para se ter uma ideia, foram notificados pouco mais de 200 casos no Estado. Já chegamos a ter mais de 2 mil por dia.
Também não foi sentida nenhuma repercussão nos hospitais. No momento em que esta edição do AGORA RN era concluída, havia apenas 16 pacientes com Covid internados em leitos de UTI na rede pública. Já chegamos a ter mais de 400 pacientes recebendo cuidados, com mais uma fila imensa de espera por leitos.
Além disso, é preciso destacar o papel da vacinação. A maioria da população está protegida da Covid após a imunização em massa promovida. Tanto que aqueles que estão pegando Covid de forma grave e eventualmente morrendo da doença são aqueles que não estão vacinados ou estão com alguma dose em atraso. É importante, portanto, manter a caderneta em dia. Já há 4ª dose sendo aplicada para aqueles que têm mais de 50 anos.
Diante disso, trata-se de um retrocesso o que foi proposto esta semana pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesap). Como noticiou o AGORA RN, a pasta recomendou a volta do uso de máscaras em ambientes fechados. Com todo o respeito à autoridade de saúde do Estado, não há estatística que justifique a volta dessa medida, especialmente com 85% da população com duas doses e 49% já com dose de reforço. Pelo menos não temos uma volta à obrigatoriedade.
Enquanto a Sesap se dedica aos baixos números da Covid, as arboviroses vão tomando conta do Estado. A dengue, a zika e a chikungunya deveriam preocupar o governo estadual muito mais do que a Covid. Números do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da UFRN apontam que, atualmente, há mais pacientes com dengue necessitando de cuidados nos hospitais do que acometidos do coronavírus.
É preciso que as autoridades de saúde mirem as suas atenções para o combate a esse problema grave – que, paradoxalmente, tem solução muito mais fácil do que a própria Covid.
Esta deveria ser a maior prioridade do momento do governo: conscientizar amplamente a população sobre as medidas preventivas, dotar as unidades de saúde de estrutura para receber os doentes e intensificar, por exemplo, a circulação do carro fumacê.
A dengue, sim, está fora de controle. E merece estar no topo das prioridades.