Faleceu semana passada aos 77 anos Tatti Moreno, um dos artistas mais populares da Bahia. Era um artista, especialmente de obras públicas. Tendo trabalhos seus Orixás do Dique de Tororó (foto) que marcou a cidade, sendo reproduzido em postais, Exu, o Guardião na fundação Casa de Jorge Amado no Pelourinho, Jorge e Zélia no Rio Vermelho, Iemanjá no Largo de Cira, Homenagem a Mãe Stella de Oxóssi em Stella Maris e no Jardim dos Namorados. Além de Salvador, Tatti tem trabalhos no Lago Paranoá em Brasília, no Metrô de São Paulo e um Cristo Redentor em Lima, no Peru com 37 metros de altura, Cristo Del Pacífico. Deixou uma obra que homenageia nossa ancestralidade africana. Pode-se pensar que o artista era uma espécie de guardião dos orixás, tal a sua dedicação ao universo afro-brasileiro.
Uma das suas características pessoais era a alegria, jeito brincalhão e afetivo. Sempre prestigiava os colegas de profissão comparecendo a eventos e exposições, ainda tendo uma palavra de incentivo e reconhecimento. Tinha cuidado com os materiais usando como suporte a fibra de vidro, o ferro e o aço.
Sua primeira exposição deu-se em 1970, seguindo-se várias outras nas principais capitais do país e internacionalmente na Holanda, Portugal, França e Estados Unidos.
Tem livro publicado A Arte de Tatti Moreno de Claudius Portugal, que faz um estudo minucioso sobre a vida e a obra do artista em 200 páginas, fartamente ilustradas.
Nas últimas décadas, a Bahia vem perdendo artistas visuais que firmaram sua história como: Genaro de Carvalho, Hanssen Bahia, Mario Cravo Junior, Mario Cravo Neto, Sante Scaldaferri, Calasans Neto, Jenner Augusto, Carlos Bastos, Rubem Valentim, Floriano Teixeira, Jadir Freire, Mestre Didi, Mirabeau Sampaio, Raimundo de Oliveira. As obras destes artistas estão dispersas, sem pouso e seria de grande importância para nosso Estado a catalogação e um espaço de arte para eles.
Tatti Moreno criava suas imagens de forma pessoal, trabalhando chapas de metal, cortadas, soldadas em montagens de efeito figurativo. Constituindo material de sua escolha, o metal é, portanto o principal elemento formador de sua escultura de impacto forte, onde o volume, as linhas encurvadas e movimentos compõem uma obra que lembra o neobarroco.
Com o espírito dos escultores antigos e dos velhos santeiros, ele repete a seu modo a tradição da imaginária brasileira.
Tatti Moreno resolve questões complexas de fundição e adaptação a materiais não convencionais, cálculos de peso, volume e especial logística para transportar seus trabalhos. Deixou para Salvador um legado que permanecerá.