A desistência do ex-governador paulista João Doria da disputa pela Presidência da República vai agravar de vez o processo de fragilização do PSDB, intensificado a partir da sucessão de 2018 com o fiasco da candidatura de Geraldo Alckmin, apostam parlamentares tucanos da Bahia. Embora evitem expor publicamente o pessimismo sobre o futuro da legenda, lideranças do PSDB no estado acham que a sigla se afundará ainda mais com a saída de Doria do páreo, fruto do racha interno em relação à corrida presidencial. A avaliação é a de que, ao desrespeitar a própria deliberação – ou seja, as prévias que definiram Doria como candidato -, o partido perde o resto da credibilidade que tinha e passa a valer quase nada no jogo político.
Viagem ao centro
“A decisão de Doria é muito ruim para o PSDB. Estamos a caminho de virar um partido ‘tipo centrão’, que se dedica apenas a negociar posições, a barganhar espaços e recursos, perdendo o protagonismo histórico que sempre teve”, resume um cardeal da sigla no estado.
Lucros e dividendos
Para o tucanato baiano, deputados federais e senadores foram os únicos a lucrar com a implosão de João Doria no páreo pelo Planalto. “Prevaleceu a tese do partidarismo pragmático, e não de princípios. No caso, a cobiça pelos R$ 70 milhões que sobram do fundo de campanha com o ex-governador fora da corrida e agora irão para os nossos parlamentares do Congresso”, acrescenta um deputado do PSDB que prega obediência ao que foi definido nas prévias. O tucano acrescenta ainda que, embora não tenham direito à gordura extra de caixa, os deputados estaduais também ganham com o fim da candidatura a presidente. Principalmente, diz, por não precisarem mais dividir palanque com um presidenciável que tem alta rejeição no estado.
Maratona de beija-mão
Aliados do deputado federal Cacá Leão (PP) o aconselharam a concentrar esforços no eleitorado de Salvador, se quiser ganhar logo musculatura na eleição para o Senado e votos que poderão ser decisivos. De imediato, sugeriram a Cacá que buscasse pessoalmente cada vereador da base do prefeito Bruno Reis (União Brasil) na Câmara de Salvador, para pedir apoio olho no olho. Lembraram que vereador da capital gosta mais de afago do que de afagar.
Certo arado
O ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) conquistou ontem a simpatia dos representantes do agronegócio do Oeste baiano, maior rincão bolsonarista no estado. Ao elogiar um documento entregue por líderes do setor em bate-papo na Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia, disse que aprendeu muito com eles sobre a região e assegurou prioridade para resolver a baixa oferta de energia, grande entrave ao agro no Oeste. Os sinais após o encontro indicavam apoio fechado a Neto.
E pensar que…
É alta a insatisfação do PT com a distância do senador Angelo Coronel (PSD) em relação à campanha de Jerônimo Rodrigues ao governo. Já se fala abertamente em remorso por ter dado a Coronel a vaga para o Senado em 2018, impedindo que a hoje deputada Lídice da Mata (PSB) fosse reeleita.
Em 2019, Rui Costa afirmou que mensalidade nas universidades pública de aluno que tem condição de pagar não deve ser tratada como tabu. Hoje, politiza o assunto
Tiago Correa, deputado estadual pelo PSDB, ao utilizar o Twitter para ironizar as críticas que o PT faz à polêmica proposta de cobrar mensalidade nas federais