Vilma Batista, presidente do Sindicato de Policiais Penais do Rio Grande do Norte – Foto: João Gilberto / ALRN
A existência de uma penitenciária federal em Mossoró contribui para o aumento da violência no Estado, na avaliação de Vilma Batista, presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Rio Grande do Norte (Sindppen-RN).
A policial alerta que a chegada de detentos para o Presídio Federal de Mossoró acaba fortalecendo organizações criminosas no Estado. “Quando um preso é recambiado para algum estado, inclusive para um presídio federal, a família vem com eles, bem como também as suas organizações criminosas. Então acaba influenciando também no meio populacional”, diz ela, em entrevista ao AGORA RN.
Com a terceira maior população carcerária do País, a unidade de Mossoró já recebeu criminosos conhecidos nacionalmente, como Fernandinho Beira-Mar.
Vilma alertou que a região Oeste tem a peculiaridade de contar com outras quatro unidades prisionais além do presídio federal. “Nós temos Caraúbas, a Cadeia Pública de Mossoró, a Penitenciária Agrícola de Mossoró, um CDP em Apodi, um presídio em Pau dos Ferros e ainda temos o presídio federal. É uma região que de fato merece o devido investimento, os devidos equipamentos, não só de instrumento de trabalho no dia a dia, na ponta operacional, mas principalmente de inteligência e modernização”, avaliou.
Ela também chamou atenção para a forma como o crime organizado se comporta no RN nos últimos anos. “Desde 2004 o crime organizado vem se estabelecendo aqui e, com isso, as nossas autoridades de uma certa forma ignoraram essas ramificações dessas organizações. Hoje nós estamos com três organizações criminosas aterrorizando, disputando inclusive o poder do Estado. A partir do momento que organizações impõem regras para o sistema prisional para poder voltar ao descontrole do sistema prisional, isso mostra que nós estamos definitivamente perdendo o espaço. E aí eu sempre digo, quando o Estado não atua, a criminalidade atua”, observa.
Para ela, a cidade de Mossoró, a segunda maior do Rio Grande do Norte, tem investimentos abaixo do que precisa em segurança pública. “Infelizmente, o investimento também está aquém do que deveria ter. O próprio município tem que investir muito mais ainda na Guarda Municipal, inclusive não só no efetivo, melhorias na carreira e principalmente instrumento de trabalho”, disse.
Falta de efetivo
Ela também reclamou da falta de efetivo em todo o Rio Grande do Norte para elucidação de crimes. Nesta semana o AGORA RN noticiou que o RN é o estado do país que menos esclarece homicídios, segundo um estudo do Instituto Sou da Paz. “O que falta? Primeiro efetivo, principalmente em relação à elucidação desses crimes. Nós temos um quadro muito pequeno de polícia civil, delegacias muito precárias. Por outro lado, nós temos também uma Polícia Militar que está aí em todos os municípios do RN, mas muito deles ainda muito capengas, com poucas viaturas, baixo efetivo”, criticou.
Para ela, os investimentos primordiais para o combate à criminalidade devem ser feitos em equipamentos, modernização e também em inteligência. “O crime hoje está super organizado. Infelizmente, as instituições de segurança não têm a mesma comunicação e não têm o mesmo poder de investimento, inclusive, até de armamento, já que a gente tem dificuldade, inclusive, de se movimentar no próprio estado de um município para outro, com as nossas viaturas, que agora que começaram de dois anos, três anos para cá, começaram a investir um pouco mais em frota”, recordou.
Ainda de acordo com a presidente do Sindppen-RN, um dos principais fatores que elevaram a criminalidade no Rio Grande do Norte foram as drogas. “Você vê um município como Lagoa Salgada, em que o filho mata mãe, esfaqueia pai. Tudo isso em decorrência das drogas. Então as drogas hoje dominam o estado do Rio Grande do Norte através dessas organizações criminosas e escravizam essa população, inclusive a carcerária”, atestou.
Para mitigar a violência no estado, ela defende uma discussão a respeito das leis que, na visão dela, acabam mais contribuindo com a criminalidade do que a erradicando. “Por isso é importante chamar todos os parlamentares para discutir junto com a sociedade para que sejam apontados alguns itens para que a gente mude de fato essas legislações”, defendeu.
Como solução imediata, Vilma defende aponta que fazer enfrentamento diário ao crime organizado dentro das comunidades, dar a devida autonomia às polícias e principalmente valorizar são questões primordiais. “Sem a segurança pública não há como ter saúde, não há como ter educação, muito menos o desenvolvimento do do Rio Grande do Norte, Infelizmente a cada dia que passa o poder paralelo quer tomar conta do Estado”, finalizou.