Os adolescentes são as maiores vítimas das crises econômicas – que desestruturam as famílias e aumentam a busca de atividades que complementem a renda familiar pelos filhos. Saem pelas esquinas, avenidas e praças a mendigarem. Em épocas de dificuldades, muitos jovens abandonam as escolas, vão às ruas e entram em contato com o mundo do crime. Não resta dúvida que é preciso manter os adolescentes na escola e criar formas de minimizar os efeitos da pobreza sobre os jovens e os seus pais. Culpar o Estado pela não realização das medidas propostas pela legislação não é desculpa. Crianças e adolescentes são cidadãos em desenvolvimento, com direitos que devem ser assegurados também pela família e pela sociedade – e não apenas pelo Estado. Portanto, será preciso unir esforços e conscientizar a sociedade de que ela também é responsável pela busca da efetivação da cidadania. Os meios de comunicação não só têm concedido espaço para a questão dos direitos das crianças e dos adolescentes como vêm transmitindo para a opinião pública uma visão mais madura e equilibrada sobre o assunto. Um exemplo são as ações contra o trabalho infanto-juvenil que surgiram graças à união de esforços da imprensa, da sociedade e do Estado. A crise pela qual o sistema de proteção integral passa decorre de dois motivos: a falta de recursos humanos e materiais, que acaba influindo na morosidade administrativa da justiça da infância e da juventude, e a ausência de efetivas políticas públicas de educação e de inclusão social.
Não há como esconder, negar ou tentar tapar o sol com a peneira, o abandono da nossa infância e da adolescência ao Deus dará, tem sido muito caro a sociedade. As ferramentas disponíveis para efetivamente salvar o universo de crianças e de adolescentes que estão a margem do processo de desenvolvimento social do país, tem se mostrado ineficazes e obsoletas. Não temos sido eficientes em protegermos nossas crianças e adolescentes dos males da exclusão e da miséria em que vivem, como se estivessem condenados a viverem nas condições abaixo da linha da pobreza. O discurso retórico, sem objetividade e ação por parte de quem de direito, a alta concentração de renda, o aumento do desemprego ou subemprego, os baixos salários, a ausência de escolas de tempo integral, a ausência de políticas públicas de saúde aos dependentes químicos, o endividamento financeiro das famílias, a falta de universalização ao ensino universitário, as doenças crônicas, a fome e a ignorância de grande parte da nossa sociedade quanto ao tema, são mazelas e chagas sociais de uma geração e de um país que faliu no cuidado com aqueles que representam a e esperança do seu futuro.