A pandemia da Covid-19 foi – e ainda é – uma importante luta travada pelos profissionais da saúde do mundo inteiro. Na linha de frente, atuaram milhares de médicos que colocaram as próprias vidas em risco para salvar outras. Após dois anos de batalhas, o cenário atual é de esperança. Agora, médicos de todo o Brasil se mobilizam para defender a categoria nas urnas, através das eleições deste ano. Os profissionais, que enfrentaram a exaustão e outras dificuldades durante a pandemia, pretendem buscar o apoio do Poder Legislativo aos anseios da classe.
O cirurgião geral José Luiz Dantas Mestrinho, coordenador do Instituto Brasil de Medicina (IBDM), contou ao Agora RN que o órgão possui uma iniciativa com o objetivo de conscientizar os profissionais sobre a importância de votar em parlamentares com compromisso e projetos direcionados às causas médicas e de relevância para a sociedade.
“O Instituto está em sintonia e é considerado o braço direito da Frente Parlamentar da Medicina, cujo presidente é o deputado federal Hiran Gonçalves (PP-Roraima). Nosso atual empenho visa agregar todas as pessoas que estão pleiteando se lançarem candidatos para as eleições deste ano e apoiá-las”, disse Mestrinho.
Para ele, os médicos que desejem seguir nesta trajetória podem aliar a ética da profissão ao cargo político. “Queremos colocar, pelo menos, mais dez profissionais da saúde no Congresso Nacional, que lutem pelas causas em comum a todos”, pontuou o coordenador do IBDM.
Nesse contexto, foi agendado um encontro para o dia 2 de maio, na Associação Médica de Brasília (AMBr), para que haja um debate acerca das reivindicações e propostas para a medicina, tendo em vista as próximas eleições. “Estamos preparando um termo de compromisso para que os candidatos que forem eleitos já deixem firmado o compromisso de atuar em prol da saúde pública”, frisou Mestrinho.
“Houve uma disputa política na pandemia, e foi algo triste. Ficamos preocupados com tratamento, vacina contra a Covid, e acabamos sofrendo muito com isso, com o desencontro de informações. Então está na hora de mostrar para a população nosso repertório, e isso acontecerá através do aumento da nossa representatividade na política”, afirmou ele.
Atualmente, há cerca de 40 deputados médicos no Congresso Nacional – tendo uma Frente Parlamentar da Medicina com 246 membros. O médico oftalmologista e deputado federal Hiran Gonçalves (PP-Roraima) defende pautas da área há dois mandatos na Câmara e reconhece a necessidade de fortalecer a identidade médica para facilitar a condução de Projetos de Lei e Propostas de Emenda à Constituição (PECs).
“Durante a pandemia, tivemos um represamento das cirurgias eletivas, especialmente pelo SUS. Essa é uma preocupação. Precisamos também de um novo modelo de remuneração, a pauta do Revalida também está em debate, porque precisamos de um processo mais criterioso de revalidação dos diplomas de médicos que se formaram no exterior”, pontuou o deputado. Para ele, a telemedicina ganhou força nos dias de isolamento social, porém carece de uma melhor regulamentação.
O presidente da Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN), Itamar Ribeiro de Oliveira, acredita que até agora há poucos representantes potiguares no ambiente legislativo. “Toda pessoa é um ser político, e é por isso que creio que os médicos devem apresentar suas propostas. Não apoio partidos ou ideologias específicas, apoio o bem comum. Profissionais comprometidos com esse conceito devem ir em frente”, declarou.
Geraldo Ferreira deverá ser o candidato dos médicos
O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN) já reafirmou apoio nas eleições de 2022 a candidatos dispostos a fortalecer a Frente Parlamentar da Medicina, e atuar pela defesa dos interesses da categoria médica e na melhoria nos serviços de saúde (públicos e privados) disponibilizados à população.
“Os médicos são sempre muito apegados ao exercício profissional. Eles têm, além da vocação, o prazer de exercer a profissão no seu dia a dia, então não é fácil deslocar os médicos nem para as entidades associativas ou sindicais e nem para a participação na política. É isso que as entidades médicas fazem, procuram lideranças e despertam vocações políticas para que essas pessoas possam se dedicar à defesa dos ideais dos médicos, da medicina, da saúde do povo brasileiro”, enfatizou Geraldo Ferreira, médico e presidente do sindicato.
Ele deverá representar a categoria nas eleições de 2022. Como pré-candidato a deputado estadual, Geraldo Ferreira acredita que projetos que visam melhorar o atendimento de urgência e emergência, assistência especial para diabéticos e hipertensos, e a defesa do Ato Médico são fundamentais e devem ser assegurados na Assembleia Legislativa.
“Quando eu me coloco na posição de pré-candidato, me coloco como um projeto das instituições médicas, das entidades, dos pensamentos e ideais dos médicos acerca da defesa da profissão, do exercício da medicina e da saúde do povo”, descreveu ele, em entrevista ao Agora RN.
Para ele, a missão de representar a classe médica pode ser difícil. “Mas esse histórico que tenho, de mais de 15 anos de instituições médicas, passando por associações, cooperativas, sindicato e pela Federação Nacional dos Médicos me trouxe conhecimento de forma que eu possa ter resistência e coragem pra enfrentar essas lutas”, apontou Geraldo Ferreira.
O deputado Hiran Gonçalves, aliás, é a favor de candidaturas como esta. “Geraldo tem uma longa história em defesa da valorização da medicina não só no Rio Grande do Norte, mas ele também é uma referência no Brasil. É importante que ele tenha reconhecimento pois luta por demandas relevantes, como o piso salarial dos médicos”, assinalou.
As principais bandeiras do pré-candidato potiguar são melhores condições para o exercício digno da medicina e a luta por carreira, além do foco primordial que é melhorar a saúde pública para o povo. Natural de Marcelino Vieira, Geraldo é presidente do Sinmed-RN desde 2007.l