Um médico, de 59 anos, foi indiciado por homicídio doloso — quando se assume o risco de matar — pela morte de uma mulher, de 32 anos durante a retirada de um dispositivo intrauterino (DIU). A Polícia Civil concluiu o inquérito, nessa quarta-feira (20), e apurou que uma sedação incorreta levou a um edema pulmonar e, consequentemente, ao óbito.
O caso ocorreu no dia 4 de novembro do ano passado, em uma clínica em Matozinhos, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Imagens ajudaram nas investigações
De acordo com a Polícia Civil, os resultados dos exames periciais, necroscópicos e as imagens das câmeras de vigilância do circuito interno da clínica auxiliaram os policiais na realização da cronologia dos fatos.
Conforme as investigações, foi constatado que o profissional administrou o medicamento indevidamente na mulher, descumprindo normas técnicas. O médico ainda não acionou com a agilidade uma equipe médica para a paciente, que começou a passar mal logo após o procedimento e foi atendida por uma equipe de ambulância, cerca de uma hora depois do ocorrido.
“Ele como médico poderia sedar a paciente, porém, o tipo de sedação, para ser usada, deveria ter seguido padrões, e isso não foi feito”, destacou o delegado Cláudio Freitas Neto.
Para a aplicação correta do sedativo, o médico deveria ter contado com o auxílio de outro médico no acompanhamento da paciente, o que não foi feito. A clínica também deveria ter ofertado para a mulher uma ambulância com aparatos de primeiros socorros, o que também não foi realizado, como pontua o delegado.
“A paciente começou a passar mal após a realização de retirada do DIU. Neste momento, o médico deveria ter chamado uma ambulância, no entanto, isso foi feito quase uma hora depois. Primeiro, ele tentou sozinho a reanimar por 12 vezes”, pontuou Neto.
Prisão mantida
O médico está preso desde novembro de 2023 denunciado por seis pacientes que o acusaram de violência sexual durante as consultas. O profissional da saúde responde por violação sexual mediante fraude — quando o profissional simula atendimento com toques indevidos e falas de cunho obsceno. A primeira denúncia ocorreu no ano de 2018, e a última foi feita em setembro de 2023.
Desde novembro do ano passado, a clínica onde a mulher morreu em cirurgia de retirada de DIU foi interditada em Matozinhos.