Mais de 130 equipamentos públicos ficaram sem funcionar por causa de rodízio da Copasa; prefeitura precisou suspender aulas e outras atividades para priorizar atendimentos na saúde
Quatro horas a menos de aprendizado, no mínimo, é são o prejuízo que cerca de 44,5 mil estudantes de escolas da rede pública de Betim, na região metropolitana de BH, tiveram nessa quarta (16) em função da suspensão de atividades em equipamentos públicos da cidade devido ao desabastecimento de água que o município e a Grande BH vivenciam desde o último dia 1º. O transtorno foi causado pelo rompimento de uma adutora da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) que atravessa o rio Paraopeba.
Além dos estudantes, aproximadamente 4.000 pessoas atendidas em unidades da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) ficaram sem acesso aos serviços disponibilizados em espaços como os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), o Centro Pop, que atende os cidadãos em situação de rua, e o Bolsa Família. No total, 48 mil foram afetadas.
De acordo com a prefeitura, a decisão de paralisar os serviços em 133 equipamentos públicos ocorreu para prevenir transtornos no dia em que, segundo o cronograma de um rodízio de água divulgado pela Copasa na semana passada, Betim ficaria desabastecida.
Ainda conforme o município, os serviços de saúde foram priorizados. “Desde o rompimento da adutora, a gente tem vivido na pele a incapacidade de resposta da Copasa para solucionar o problema da falta de água. Por isso, hoje (ontem), priorizamos os equipamentos que essencialmente necessitam de água para seu funcionamento, como o Centro de Hemodiálise, o Hospital Regional, as Unidade Pronto-Atendimento (UPAs), a maternidade e os hospitais privados”, detalhou o secretário de Governo, Guilherme Carvalho, que não descarta a possibilidade de o município adotar novamente a medida caso o rodízio persista.
A reportagem esteve em sete das dez regiões do município e conversou com estudantes, pais de alunos, diretores de escolas e moradores. João Miguel Braga de Sales, 12, aluno do oitavo ano da escola Olímpia Maria da Glória, na região Alterosas, lamentou o dia sem aula: “Amo aprender. Já ficamos quase dois anos parados por causa da pandemia da Covid-19. E, agora, essa situação bem crítica para muitos”.
Prefeito de Betim, Vittorio Medioli afirmou que o Estado deu partida a um processo de “desmonte e precarização” das suas secretarias, estatais e serviços públicos. “A meta é distribuir lucros, e não reinvestir numa rede obsoleta, antiga e precária. Um acidente qualquer faz com que o caos se instale na região metropolitana”, declarou ontem.
A Copasa informou que prevê concluir as obras emergenciais de reparo na adutora nesta sexta (18). O abastecimento, no entanto, só deve ser normalizado no domingo (20).
Sobre a suspensão das atividades em Betim, a companhia disse que a decisão foi tomada de forma unilateral pelo Executivo municipal, cujas motivações desconhece. Ainda de acordo com a nota, a Copasa diz que disponibilizou um total de 23 caminhões-pipa, com capacidade de 10 mil litros de armazenamento cada um, durante todo o dia para encher os reservatórios de escolas, unidades de saúde e abrigos, mas que apenas oito caminhões-pipa foram demandados nessa quarta (16).
Segundo o texto, a companhia formalizou na Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae), por meio de uma nota, todo o planejamento feito previamente para não deixar faltar água nos serviços essenciais de Betim. Foram relatadas ainda as diversas reuniões ocorridas nos últimos dias entre representantes da Copasa e da prefeitura.
“A companhia preparou um planejamento para atender todas essas unidades afetadas por caminhões-pipa, além de equipes de inspeção para definir as necessidades de cada órgão e uma equipe de plantão para receber demandas de clientes prioritários não relacionados no planejamento, mas que possam vir a necessitar do abastecimento”, diz a nota da companhia.
—
O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.
Siga O TEMPO não o Facebooknão Twitter e não Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.