Refinarias privadas têm expectativa positiva com a troca de comando na Petrobras
Associação presenta plano para destravar investimentos privados em refino de petróleo que podem gerar até 44 mil empregos diretos e indiretos
Publicado em 22 de maio de 2024 às 17:17
Presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, apresenta plano para o setor Crédito: Divulgação
A troca de comando na presidência da Petrobras deve favorecer as refinarias privadas do país, apesar de a nova presidente da empresa, Magda Chambriard, ter perfil mais estatizante que o antecessor, Jean Paul Prates, e recebido como missão do governo apresentar resultados mais rápidos nas áreas de refino, gás natural e fertilizantes.
A análise é do presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro. “Magda Chambriard conhece profundamente o mercado de refino, foi funcionária de carreira da Petrobras e atuou como consultora de empresas de refino independentes. Queremos trabalhar com a Petrobras. É possível conviver com investimentos da Petrobras em refino e com investimentos privado em refino independente. Não há problema”, afirmou.
A Refina Brasil reúne as oito refinarias privadas independentes que atuam no país, três delas na Bahia (Acelen, Dax Oil e Brasil Refino). O presidente da associação esteve em Salvador ontem para participar da Bahia Oil & Gas Energy, onde apresentou publicamente pela primeira vez o programa Pro Refino, iniciativa da entidade para destravar investimentos no setor.
O principal argumento apresentado pela entidade é que o país tem um déficit de refino de 650 mil barris de petróleo por dia. Volume que pode ser suprido com a operação de 33 refinarias independentes (que não estejam ligadas à Petrobras ou a outras empresas produtoras de petróleo). A associação defende um modelo de negócios que favoreça o acesso ao petróleo a preço competitivo e ajustes regulatórios e tributários para incentivar, especialmente, a implantação de pequenas e médias refinarias no interior do país.
Uma das críticas do setor é a de que a Petrobras fornecia petróleo mais caro para as refinarias privadas que para as operadas por ela própria, o que gerou uma demanda no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A estatal, ainda segundo as associadas da Refina Brasil. também diminui a atratividade de investimentos no setor ao adotar uma política de preços que possibilita a venda de combustível no mercado interno desalinhado ao preço do petróleo no mercado externo. Como a estatal domina 60% do mercado de refino no Brasil, as refinarias independentes seguem seus preços e veem sua margem de lucro diminuir ou a conviver com prejuízos operacionais.
Segundo Pinheiro, a Bahia tem potencial para atrair muitos investimentos do setor. Mesmo sem ter um estudo sobre quantas novas refinarias o estado poderia receber, o presidente da Refina Brasil listou as vantagens competitivas baianas: três refinarias já operam aqui, o território é vasto, possui muitas cidades grandes e um agronegócio forte. A Refina Brasil estima que a operação de 33 refinarias independentes daria autossuficiência de derivados ao país, criaria 4,5 mil empregos diretos e 40 mil indiretos e geraria R$ 20 bilhões em arrecadação tributária.