Cesta básica teve aumento de R$ 5,99 em maio, uma variação de 1,46%. Foto: Ney Douglas/Agora RN
O Instituto Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Natal) divulgou recentemente o valor da cesta básica após pesquisa em supermercados da capital potiguar. O mês de maio teve o mesmo comportamento desde o início do ano, com o consumidor encontrando os preços sempre maiores a cada mês.
O preço médio de maio foi de R$ 415,94, já em abril o preço médio encontrado foi de R$ 409,95. Isso representa um aumento no custo para o consumidor de R$ 5,99, uma variação de 1,46%. Já de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o valor da cesta básica em Natal durante maio foi de R$ 586,42, em média.
Muitos natalenses estão sentindo o orçamento apertar, enquanto os preços dos alimentos disparam nas prateleiras de supermercados. A alta dos alimentos tem impactado cada dia mais, e alguns itens marcaram um aumento significativo. O aposentado José Gomes Evangelista, de 61 anos, contou ao AGORA RN que cortou da dieta os alimentos que mais gostava de consumir.
“As coisas que eu mais gostava de comer tive que eliminar, por exemplo, o abacate. Também o mamão, a laranja, a carne… tem que comer carne branca, o ‘famoso’ ovo. Antigamente a gente podia comer um quilo de peixe, hoje não pode mais. Pode comer, não pode pagar”, disse ele.
Questionado sobre o que sentia na horas das compras, José disse que era um momento “absurdo”. “Chega a engolir mais de 40% do salário mínimo. [Senti o aumento na] Carne, açúcar, feijão, farinha, em tudo. Dificilmente você encontra um produto com um preço que dê para você colocar na mesa”, pontuou.
Também aposentada, Marinalva Gonzaga enfrenta dificuldades para administrar o salário e as compras do mês. “Só ganho um salário. Antes, eu fazia as compras e dava para passar o mês todo. Agora eu faço as compras de R$ 800 e não dá, por causa da ‘mistura’ que está muito cara. Quem ganha só um salário, não dá pra sobreviver”, afirmou a idosa de 69 anos.
E continuou: “Não se pode comer carne, porque está caro demais. Eu tenho problemas [de saúde]o médico disse que era para comer carne duas vezes por semana. Se eu comer, é duas vezes por mês, porque não dá. Compro mais ovo e frango, até o peixe é caro também.
Rendimentos e inflação
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste mês de junho apontam que, em 2021, o rendimento médio dos brasileiros caiu para o menor patamar registrado desde 2012. O rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2021 foi de R$ 1.353. Em 2012, primeiro ano da série histórica da pesquisa, esse rendimento era o equivalente a R$ 1.417.
A pesquisa mostra que, em média, os brasileiros estão recebendo menos e também que menos brasileiros possuem algum rendimento. O percentual de pessoas com rendimento na população do país caiu de 61% em 2020 para 59,8% em 2021, o mesmo percentual de 2012 e também o mais baixo da série histórica.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, ficou em 0,47% em maio, taxa inferior ao 1,06% de abril deste ano e ao 0,83% de maio do ano passado. Os dados foram divulgados no último dia 9 pelo IBGE. Com o resultado de maio, o IPCA acumula taxa de 4,78% no ano. Em 12 meses, a inflação acumulada é de 11,73%, abaixo dos 12,13% registrados no mês anterior. O índice acumulado em 12 meses segue, pelo nono mês consecutivo, acima de 10%.
Presidente pediu que supermercados reduzam lucros sobre os alimentos
O presidente Jair Bolsonaro fez um apelo em junho para que os supermercados reduzam a margem de lucro sobre os alimentos básicos para conter a inflação. O pedido foi feito no Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, organizado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), evento em que o presidente participou por videoconferência, diretamente de Los Angeles (EUA).
“O apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica, cada um obtenha o menor lucro possível, pra gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população, especialmente os mais humildes”, afirmou.
“Eu sei que a margem de lucro tem cada vez diminuído mais também, mas peço que colaborem um pouco mais”, continuou. Durante sua fala, o presidente ressaltou que a inflação é um problema atual no mundo inteiro, por causa dos efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia.
Na última terça-feira 21, o Banco Central informou que prevê uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada e acrescentou que, para conter a inflação, ainda elevada e disseminada, precisará subir mais os juros e mantê-los altos por um período maior de tempo.