“A praça da Estação é o quintal da minha casa”, define o professor Elton Mendes, de 27 anos, nascido e criado no “centrão” de Belo Horizonte. Já o aposentado Carlos Roberto Guedes, de 65 anos, encontrou na região do Barreiro o aconchego que precisava após sair de Rio Acima, na região metropolitana, em busca de melhores oportunidades de trabalho em 1978. Embora naquela época parecesse uma ‘metrópole de interior’, ele se encontrou também nos agitos da ‘capital dos bares’, outro título que a cidade carrega com louvor e que, para a analista de documentos Paloma Pereira da Silva, de 30 anos, se traduz em ‘capital do amor’. Afinal, foi em um dos milhares de botecos que ela iniciou seu novo e atual romance, neste ano.
Embora nenhuma dessas pessoas se conheçam, todas elas têm algo em comum: a paixão por Belo Horizonte. A capital mineira completa 126 anos na terça-feira (12) e, para celebrar sua história, a reportagem do Super esteve no coração da cidade – a praça Sete, na avenida Afonso Pena, no centro – para ouvir as vivências de quem ocupa esse espaço urbano.
O professor Elton acredita que o charme da cidade está na relação de carinho que existe entre as pessoas. “A gente tem esse olho no olho, essa calma. Estamos aqui no lugar mais movimentado da cidade e, mesmo assim, se você olhar para alguém, a pessoa vai te devolver um sorriso”, afirma Elton.
Com 2,3 milhões de habitantes, segundo o Censo de 2022, do IBGE, a capital mineira tem, ao todo, 487 bairros, de acordo com a prefeitura. Uma das maiores e mais antigas regiões é o Barreiro, onde o aposentado Carlos Roberto se instalou há 25 anos, formou família – esposa e duas filhas – e vive até hoje. Ao vir para cá, além de conseguir um bom emprego em uma multinacional da siderurgia, ele se apaixonou pela vida pacata da metrópole e também pela cultura de boteco. “A cidade era menos movimentada, mas parece até que tinha mais bares. Já virei muita noite no agito”, relata Carlos Roberto.
Até quem mora na região metropolitana – Santa Luzia –, como a analista de documentos Paloma, tem a vida transformada por essa essência boêmia de BH. “Para um início de relacionamento, as primeiras conversas, têm que ser num lugarzinho que a gente se sinta mais à vontade. E nada melhor do que um bar, né?”, diz ela, ao relatar como conheceu, em janeiro, sua atual namorada, na capital. “Gosto muito dos bares daqui, foram onde já vivi muitas histórias”, conclui.
Cultura é ‘pra frente’
Carnaval de rua, duelos de MCs, festivais gratuitos. “Em BH, o cenário cultural é mais intenso, as pessoas são mais ‘pra frente’”, observa o músico Lucas Eduardo Ribeiro Guarato, de 20 anos, morador de Uberlândia, no Triângulo, que pensa em se mudar para BH.
O lugar preferido do vendedor de livros Celso Rocha, de 42 anos, em BH é a praça da Liberdade. “Nós temos ali diversos espaços e prédios públicos que estão abertos à visitação”, aponta. Mas ele acredita que falta mais fomento à cultura na cidade. (Com Lucas Maia)