As vendas de veículos eletrificados leves cresceram 78% no primeiro quadrimestre de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado, reforçando a expectativa da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) de mais um ano positivo para a eletromobilidade no Brasil. Com os 3.123 emplacamentos de abril, o mercado já contabiliza 12.976 unidades comercializadas neste ano, contra 7.290 nos primeiros quatro meses de 2021.
Mais uma vez, o crescimento dos eletrificados segue na contramão do mercado doméstico total de leves, que caiu 23% no mesmo período, segundo a Fenabrave. Esse contraste – eletrificados em alta e veículos convencionais em queda – tem sido constante desde 2019. O estoque total de eletrificados em circulação no país chegou a 90 mil veículos (2012 a abril de 2022), e, no ritmo atual, deverá passar de 100 mil entre julho e agosto.
A participação desse segmento nas vendas internas totais de leves (market share) foi de 2,5% no quadrimestre e de 2,3% em abril (1,8%, de janeiro a dezembro de 2021).
ALERTA. Para o presidente da ABVE, Adalberto Maluf, essa tendência deveria servir de alerta às autoridades públicas, em todos os níveis, especialmente no Governo Federal. “Vemos há mais de dois anos um nítido contraste entre o crescimento dos eletrificados e a queda ou estagnação das vendas de veículos a combustão no Brasil”.
“Os números reforçam a necessidade de o governo ter uma clara estratégia de transição rumo à eletromobilidade, pois o mercado brasileiro já fez a sua opção preferencial pelo transporte limpo e sustentável” – acrescentou.
Ainda assim, o transporte elétrico no Brasil cresce num ritmo abaixo dos principais mercados internacionais. Os veículos elétricos plug-in atingiram 9% do market share sobre as vendas globais em 2021, com mais de 6 milhões de unidades vendidas, e poderão ficar em torno de 18% em 2022, chegando a quase 12 milhões de unidades.
Os números comprovam isto. Na Alemanha, maior mercado europeu, os elétricos plug-in (BEV e PHEV) alcançaram 25% de participação nas vendas totais em março último. Na China, no mesmo período, os elétricos leves plug-in cresceram 118% sobre março de 2021, chegando a 28% de market share (13% na média do ano anterior).
Segundo o presidente da ABVE, o Brasil não pode ficar para trás na corrida global pela eletromobilidade, sob pena de perder competitividade internacional e deixar de criar empregos de qualidade. “Temos de acelerar as políticas públicas que alinhem a indústria brasileira à tendência mundial de eletrificação do transporte” – concluiu Adalberto Maluf.