Sputnik V: carregamento acertado com Fundo Soberano russo chegará pelo Recife. Importação aguarda Anvisa
A expectativa da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT) e a dos governadores do Nordeste, que chegaram a anunciar para esta semana a importação e aplicação imediata da vacina de fabricação russa, Sputnik V, pode ser frustrada pela Anvisa, que ainda não tem previsão de quando concederá a autorização para entrada do imunizante no país. Segundo fontes da Agência, “ainda há etapas para a serem cumpridas antes da efetivação da importação”.
Os governadores compraram 1,145 milhão de doses do chamado “lote experimental”, suficiente para a aplicação em 1% da população dos estados. “Já está tudo certo com o Fundo Soberano Russo para embarque, chegando no Recife”, declara o governador do Piauí, Wellington Dias, presidente do Consórcio Nordeste. A data da importação “depende apenas da liberação da Anvisa”, completa.
Após longo processo de negociação e de idas e vindas políticas e técnicas, os governadores assinaram na última sexta-feira, 9, o Termo de Compromisso para Monitoramento Pós-Vacina junto à Anvisa e requisitaram o pedido de liberação excepcional de importação. O trâmite ainda está pendente, sem previsão de conclusão, apesar da pressão sobre a Agência.
Consórcio Nordeste, do qual o RN participa, estuda concentrar primeiras doses da Sputnik em poucas cidades
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), afirmou neste sábado que os governadores do Nordeste estudam aplicar as primeiras doses da vacina Sputnik V – aprovada na sexta-feira, com condicionantes, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – em uma cidade de cada Estado. A ideia é reproduzir um experimento realizado na cidade de Serrana (SP), pelo Instituto Butantan, para avaliar a eficácia da CoronaVac.
A proposta foi discutida em uma reunião realizada na manhã deste sábado. Wellington Dias é o coordenador para vacinação do Fórum Nacional de Governadores, além do presidente do Consórcio Nordeste, que reúne governantes da região.
– A ideia que a gente discutiu hoje é, provavelmente, escolher cidades. Piauí, por esse 1%, duas doses, vai receber 64 mil doses. Vamos escolher uma cidade que tenha mais ou menos 32 mil pessoas para vacinar. Vamos aplicar a primeira e a segunda dose, como foi feito em Serrana, acompanhado pelo Butanta. E assim, cada um dos Estados. É mais ou menos essa ideia – explicou em Dias, ao participar da transmissão do grupo de advogados Prerrogativas.
Estudo bem-sucedido
A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, foi escolhida para o estudo conduzido pelo Instituto Butantan, no qual apostou numa campanha de vacinação em massa contra a Covid-19. O município com 45 mil habitantes tinha um alto índice de contágio, que podia ser controlado após 75% da população ser imunizada. De acordo com os dados da pesquisa, logo depois do fim da vacinação, o índice de mortes caiu 95%.
Um experimento semelhante está sendo realizado na cidade de Botucatu, também em São Paulo, mas com a vacina da AstraZeneca. O comitê científico da cidade do Rio também avalia fazer o mesmo na Ilha de Paquetá.