Segundo filme em live-action do universo de Mauricio de Sousa promete encantar e emocionar ainda mais do que o primeiro
“É possível crescer sem deixar de ser criança”. É essa a máxima que guia o esperado segundo filme da Turma da Mônica, que estreia nesta quinta-feira (30), em todo o país. “Lições” chega com a responsabilidade de manter o sucesso e o interesse de crianças de todas as idades, após o fenômeno que foi “Turma da Mônica – Laços”, primeiro filme em live- action do universo de Mauricio de Sousa e que se tornou o longa-metragem nacional mais visto de 2019, com mais de 2 milhões de espectadores.
O diretor das duas produções, Daniel Rezende (“Bingo: O Rei das Manhãs” e “Ninguém Tá Olhando”) conta que quando aceitou a missão de comandar essa empreitada, de cara, já sentiu uma grande pressão: como levar para a telona Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão em carne e osso sem decepcionar? “A gente já partia do princípio de que poderia ter 200 milhões de possíveis haters que são os 200 milhões de brasileiros que são fãs dessa turminha”, brinca Rezende.
Ele frisa que foram norteados, sobretudo, pelo olhar de Mauricio de Sousa, para criar esse universo na telona. Os dois filmes são baseados em graphic novels dos quadrinistas e irmãos mineiros Vitor e Lu Cafaggi. “Para essa sequência, a gente queria fazer um filme melhor do que o primeiro, o que não foi nada fácil. Mas não seguimos a mesma fórmula do longa de estreia, apesar de termos sido fiéis à HQ. Na primeira, a aventura era algo externo às crianças, e agora a aventura é interna”, comenta o cineasta.
Em “Laços” a história focava no desaparecimento de Floquinho, o cachorro de Cebolinha e no empenho dos quatro amigos para descobrir o paradeiro do cãozinho. Agora, cada um tem que lidar com seus próprios dramas. Enquanto Mônica (Giulia Benite) é afastada pelos pais da Turma que leva seu próprio nome, Cebolinha (Kevin Vechiatto) tenta finalmente aprender com a ajuda de uma fonoaudióloga a não trocar o “R” pelo “L”, Cascão (Gabriel Moreira) se esforça para superar seu pavor pela água e Magali (Laura Rauseo) se empenha para controlar sua gula astronômica entrando numa aula de culinária.
“‘Lições’ trata desta separação dos quatros amigos inseparáveis. Todas as jornadas do filme são conflitos internos. E por isso a gente tinha esse dilema. Como fazer um filme infantil, falar com as crianças, mas amadurecendo a narrativa? Sem dúvida é um filme muito mais difícil de adaptar, exigiu mais, é mais complexo e profundo”, analisa o diretor.
E o resultado, pelo visto, tem agradado. Daniel Rezende revela que nas pré-estreias e nas cabines para a imprensa tem percebido como o público de todas as idades está se envolvendo. “Todo mundo torce, sofre, chora e, ao mesmo tempo, se diverte. Acredito que, neste filme, os adultos até se conectam mais emocionalmente do que no primeiro. Eles se enxergam naquela situação seja relembrando quando eram crianças, ou porque estão passando por isso agora com os filhos”, opina.
Participações
Assim como aconteceu em “Turma da Mônica – Laços”, Mauricio de Sousa faz uma ponta em “Lições”. Se no primeiro o criador da turminha mais querida das histórias em quadrinhos surgiu como o dono de uma banca de jornal, agora ele aparece como o funcionário da cantina da escola que se choca com a quantidade de comida que Magali pede na hora do recreio. “Quem criou esse monstro?”, brinca Mauricio.
A filha do quadrinista, Mônica Sousa, também deixa a sua marca. Mas o que promete encantar os fãs da Turma da Mônica são os novos personagens em carne e osso que estão presentes na produção. Marina (Laís Vilella), Milena (Emilly Nayara), Humberto (Lucas Infante), o impagável Do Contra (Vinícius Higo) e Nimbus ((Rodrigo Kenji) dão as caras no longa assim como Rolo (Gustavo Merighi), Pipa (Camila Brandão), Zecão (Fernando Mais) e Tina, num papel que caiu como uma luva para Isabelle Drummond. E sem contar com os bichinhos Mingau (gato da Magali) e o ícone Bidu, cachorro do Franjinha.
A produção ainda tem as participações mais do que especiais de Malu Mader, na pele da nova professora da Mônica, e o sempre talentoso Augusto Madeira como o professor de natação de Cascão. Desta vez, os pais da Mônica e Cebolinha têm uma função de maior destaque. Dona Luísa (Monica Iozzi) e Seu Sousa (Luiz Pacini), além de Seu Cebola (Paulo Vilhena) e Dona Cebola (papel da atriz mineira Fafá Rennó) querem a qualquer custo manter os filhos afastados dos amigos.
“Essa separação é, na verdade, uma separação de 60 anos de história. O espectador fica naquela agonia e torcendo para eles façam logo as pazes. Acredito que por conta da pandemia, esse desejo de estar junto, ficou até mais latente. Quando os quatro (Mônica, Magali, Cascão e Cebolinha) se reencontram naquela praça e dão um grande abraço, é como se todos nós estivéssemos ali. E a gente espera mesmo que esse filme sirva para marcar o retorno de várias pessoas ao cinema, porque é uma experiência coletiva. Tem que estar junto para se emocionar com essa aventura e que as pessoas sintam orgulho de uma produção como esta ser nacional e de alto nível”, ressalta Daniel Rezende.
Até por conta disso, do sucesso de público e de bilheteria, o diretor diz que não é possível cravar uma nova sequência. As graphic novels criadas pelos irmãos mineiros Vitor e Lu Cafaggi fazem parte de uma trilogia que se encerra com “Lembranças”. “A gente não confirmou ‘Lições’ enquanto ‘Laços’ não estreasse e tivesse um bom resultado. Então, precisamos esperar o resultado da bilheteria para ter um novo filme da Turma da Mônica ou do universo do Mauricio de Sousa”, justifica. Mas pelo o que sinaliza uma cena pós-crédito, tudo indica que vem novidade por aí…
“Independente se vamos ter ou não (um novo filme), acho que uma coisa muito importante desse projeto no cinema é a formação de público. A Mônica Sousa, filha do Maurício, nos contou que o neto dela reconhece a Turma da Mônica por conta dos filmes. Acredito que isso acontece com toda uma geração. Muita gente tem o primeiro contato com esse ícone do mundo pop através da telona. Para mim, particularmente, é uma grande honra e uma responsabilidade enorme”, frisa Rezende.
Poços de Caldas
Se no primeiro filme da Turma da Mônica, Poços de Caldas, a 460 KM de Belo Horizonte, foi apenas uma das cinco cidades escolhidas para ser locação da história, agora quase todas as cenas de “Turma da Mônica – Lições” foram rodadas lá. “No primeiro a gente quase enlouqueceu com várias locações. Dessa vez, decidimos concentrar num lugar só. Tudo foi feito em Poços. É uma cidade muito bonita, organizada, bem cuidada. Quando mostrei ao Mauricio a praça principal de Poços de Caldas, ele ficou encantado e revelou que se fosse desenhar alguma praça, seria aquela ali. Nós reconhecemos em alguns pontos da cidade traços mauricianos. A gente adorou filmar lá e acredito que a cidade também adorou nos ver por lá”, destaca o diretor Daniel Rezende.