O time de basquete dos Estados Unidos garantiu vaga na final das Olimpíadas na madrugada de quarta para quinta. Nas semifinais, em que bateu a Austrália, chegou a estar perdendo por 13 pontos. Mas não demorou a reagir; não só virou, como o fez com folga. A final diante da França promete. Afinal, este confronto aconteceu na primeira rodada da fase de grupos, e a trupe de Rudy Gobert levou a melhor. A se lamentar, a ausência do esloveno Luka Doncic, que vinha de 17 jogos de invencibilidade com o escrete do seu país, e fez chover em Tóquio – mantendo a excelência ímpar que exibe usualmente pelo Dallas. No cotejo que carimbou o passaporte dos franceses para a final, a vantagem foi de um mísero ponto, e Doncic garantiu um tripo-duplo. Cruel, muito cruel, como bradaria o saudoso Januário de Oliveira, com um dos melhores atletas do planeta.
Percepção errada
Há uma distorção da esmagadora maioria da imprensa e do público na hora de classificar a seleção americana há muitos anos. Alguns adotam o discurso de que “Dream Team” só houve um, o de 1992 – sobretudo por unir Jordan, Magic Johnson e Larry Bird. Considero essa opção válida, mas uma espécie de saída confortável, um tipo de discurso fácil que soa falsamente corajoso. A turma do Tio Sam, historicamente, atuou por muito tempo nas competições internacionais com jogadores universitários. Desde que passou a convocar majoritariamente peças da NBA, ao contrário da narrativa que acabamos de mencionar, diversos “especialistas” falam em time dos sonhos.
O pulo do gato
O ponto central haveria de ser: após 92, independentemente de classificarmos o conjunto americano como algo de outro planeta, ou não, a grande observação a se fazer não é que os elencos escolhidos são inferiores ao dos Jogos de Barcelona por não terem o citado trio de ouro; a questão é que, mesmo contando com estrelas da liga profissional – e não com os maiorais da NCAA –, os plantéis dos Estados Unidos raramente reúnem algo genuinamente próximo dos que seriam os melhores da NBA no momento.
Exemplo de hoje
Se pegarmos o time titular dos favoritos ao ouro no Japão, o único que estaria presente num quinteto que representaria realmente os melhores estadunidenses, seria o fabuloso, o inigualável, o indescritível Kevin Durant. LeBron James e Stephen Curry, ausências mais obviamente sentidas, seriam titulares absolutos. Pensando na carência dos comandados de Popovich em termos de pivôs verdadeiramente dominantes, de um jogo forte no garrafão, Anthony Davis seria figurinha certa. E por aí vai…
Baixinhos
Além de o elenco americano no basquete estar longe de corresponder ao nível máximo que possuiria numa convocação normal, há um gargalo que pode trazer problemas especiais contra a França. Rudy Gobert encarna a figura de pivô dominante que anda razoavelmente escassa nos últimos anos numa NBA que passou a amar o “small ball”. E o plantel de Popovich não apresenta alternativas desta estirpe. Os “mismatches” estão anunciados. Hora de edificar antídotos estratégicos.
Estrangeiros
Representativo: nas três últimas temporadas o MVP da NBA foi um estrangeiro. Jokic este ano e Antetokounmpo nas duas anteriores.
Gênio
Outro dos desfalques mais representativos dos americanos em Tóquio: Kyrie Irving; em termos de talento puro, um dos maiores.