Rodrigo Pacheco acha que a volta das coligações partidárias é um ‘retrocesso’ e sinalizou que o projeto pode ser reprovado. Foto: MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
A Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira 17, em segundo turno, a proposta da reforma eleitoral. Se for aprovada, será enviada para o Senado, onde precisará ser votada também em dois turnos. O retorno das coligações conseguiu aval do plenário da Câmara após os deputados rejeitarem o distritão.
E a medida foi fruto de um acordo entre os defensores do sistema, que não tinham os 308 votos necessários para mudar o sistema eleitoral, e a oposição, que afirmou entender a volta das coligações como um “mal menor”. Um detalhe chama a atenção: Assim como na Câmara, no Senado uma PEC precisa do voto de ao menos 60% dos integrantes da Casa — 49 de 81.
Nos próximos dias, líderes partidários do Senado devem se reunir com as bancadas para definir como vão se posicionar em relação à proposta. A bancada do PSD, a segunda maior da Casa, com 11 parlamentares, é contrária à volta das coligações.
O fim das coligações não atingiu as campanhas eleitorais de senadores, uma vez que eles são eleitos pelo sistema majoritário. Ou seja, ficam com a vaga aqueles que tiverem a maioria dos votos nos respectivos estados.
Como parte do acordo para derrubar o “distritão”, os deputados federais aprovaram a volta das coligações partidárias para as eleições proporcionais (deputados e vereadores) a partir de 2022. Para que isso ocorra, a PEC precisa ser aprovada no Senado e virar emenda constitucional antes do começo de outubro (um ano antes do pleito).
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou na semana passada que a volta das coligações partidárias é um ‘retrocesso’ e sinalizou que o projeto de reforma eleitoral pode ser reprovado pelos senadores. Senadores governistas e da oposição criticam a volta das coligações proporcionais e sinalizam que votarão contra a medida, se ela entrar em pauta no Senado.
Derrubada pelo Congresso em 2017, a coligação proporcional permite, em sistema de aliança partidária, que candidatos menos votados, e muitas vezes sem afinidade ideológica, se elejam na esteira dos votos computados pelo conjunto de legendas que integram o bloco.
Em Brasília, a posição do Senado de derrubar ou engavetar a volta das coligações proporcionais deve piorar ainda mais o clima entre as duas Casas, que não têm mostrado alinhamento na pauta das Eleições 2022.
Quociente
O deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade), que aposta na montagem de uma boa nominata para tentar chegar à Câmara dos Deputados no ano que vem, está atento às discussões em torno da volta das coligações partidárias. Caso o Congresso Nacional aprove as novas regras, atrapalha as contas já feitas pelo parlamentar. O Solidariedade sabe que outras siglas juntas elegem mais deputados federais.
Aerolula
O ex-presidente Lula da Silva desembarcou no fim de semana em Recife em um jatinho do ex-ministro no seu governo Walfrido dos Mares Guia. O problema, segundo o colunista Lauro Jardim, é que Mares Guia não é mais o único dono do Gulfstream III, já que agora divide a sociedade com mais dois sócios, com o objetivo de diminuir os custos de manutenção da aeronave. Há anos o ex-ministro empresta o avião para Lula em seus deslocamentos pelo Brasil.
Lula no RN
Aliás, o ex-presidente Lula vem ao Rio Grande do Norte na próxima terça-feira 24. A agenda ainda está sendo fechada. A governadora Fátima Bezerra deverá recebê-lo na Governadoria. Em Pernambuco, Lula se encontrou com o governador Paulo Câmara, do PSB, no Palácio das Princesas. Os petistas ainda articulam um momento de Lula com a militância potiguar.
Marketing
O publicitário Alexandre Macedo atua para convencer o prefeito Álvaro Dias (PSDB) a deixar o Palácio Felipe Camarão no início do próximo ano. Amigo do ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT), Macedo cuidou também da campanha de Álvaro Dias, que venceu no 1º turno. O problema é que, se Álvaro renunciar, Carlos Eduardo volta à Prefeitura do Natal com seus cargos e contratos. Em tempo, a vice-prefeita Aíla Cortez (PDT) é prima da esposa do ex-prefeito.
Jurídico?
Aliás, no fim de semana Álvaro Dias e Aíla Cortez tiveram um reencontro coordenado pelo advogado e professor da UFRN, Erick Pereira. Foi no salão de festas do edifício em que mora Erick, que cuidou da campanha vitoriosa dos dois no ano passado.
Braço Direito
A revista Veja desta semana traz uma matéria destacando o que classifica como a grande batalha de Bolsonaro e Lula pelo Nordeste. No texto, diz que o ministro Rogério Marinho é o “braço direito de Bolsonaro para assuntos do Nordeste”. Segundo maior colégio eleitoral entre as regiões do país, com 39 milhões de eleitores, o Nordeste é um dos principais campos de disputa para a corrida ao Palácio do Planalto.