Seria tão bom se os órgãos públicos oferecem mais guichês para os serviços que tem maior demanda, e se todos fossem digitalizados e de acesso fácil e rápido. Já pensou se o caminhão de coleta soubesse em tempo real quando o contêiner de lixo da sua rua já está cheio? Quando os créditos do celular terminam e estamos fora de casa, seria bom ter wi-fi gratuito para conseguir pedir ajuda. Essas e outras questões são uma realidade em muitos países desenvolvidos, e o Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente (PDTCI) de Salvador pretende incluir os soteropolitanos nessa lista.
O documento estabelece uma série de políticas públicas que devem ser adotas pelos próximos 30 anos para tornar Salvador uma cidade inteligente. Na prática significa usar da tecnologia da informação e da comunicação para melhorar a eficiência do município, promover o desenvolvimento humano e social, e oferecer melhor qualidade de vida aos cidadãos. O prefeito Bruno Reis assinou o documento e deu alguns exemplos.
“Vamos fazer políticas públicas mais eficientes. A partir do momento em que temos a possibilidade de ter todos os dados dos serviços que os cidadãos consomem e concentrados em um só lugar, podemos oferecer políticas públicas mais específicas. Esse Plano Diretor prevê uma série de ações e com isso estamos preparando Salvador para se consolidar como smart city. Salvador é a cidade mais inteligente do Nordeste, está entre as dez do Brasil, e a partir da implementação desse plano vamos nos tornar a mais inteligente do país”, afirmou.
O gestor contou que um novo projeto vai implantar wi-fi gratuito em 80 regiões da cidade. Os locais estão sendo definidos, mas essas áreas e mais 800 prédios públicos terão acesso livre à internet. O plano tem 50 objetivos e 75 metas, e envolve diversos temas, como saúde, educação, assistência social e sustentabilidade. O investimento foi de US$ 1 milhão, através de financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Segundo o prefeito, até 2024, o município vai investir R$ 2,1 bilhões em tecnologia e inovação.
A apresentação do plano aconteceu no Hub Salvador, no bairro do Comércio. Bruno Reis citou a estrutura como um exemplo de esforços que o município vem fazendo para promover a tecnologia. Ele apontou também o Cittamob, aplicativo desenvolvido pela prefeitura que permite aos passageiros do transporte público monitorar em tempo real o deslocamento dos ônibus, e o Sistema de Alerta e Alarme da Defesa Civil, que possibilita o monitoramento das áreas de risco durante o período de chuva.
“Em 2013, a cidade não debatia esse tema. Quando se falava de tecnologia e inovação, nós estávamos muito atrás de outras capitais, a exemplo de nossa vizinha Recife. Da mesma forma que não debatíamos resiliência e sustentabilidade, porque as gestões anteriores não estavam conectadas com o mundo globalizado e competitivo. De lá pra cá, a cidade veio passando por grandes transformações até chegarmos aqui”, disse.
Dentre as novidades propostas no plano está prevista a digitalização dos serviços ao cidadão, remodelagem e modernização da iluminação pública, monitoramento ambiental inteligente, ações voltadas para telemedicina e fortalecimento da agricultura urbana. Haverá também o armazenamento e processamento de dados em nuvem digital, um investimento de R$ 25 milhões, com recursos do município.
Fibra ótica
Um dos objetivos do novo plano é aproximar a gestão municipal do cidadão. Para que isso aconteça a prefeitura anunciou a implantação da rede de fibra óptica multisserviços com 800 km de extensão. Ela vai ligar os cerca de mil prédios municipais, incluindo 433 escolas e 241 unidades de saúde, a praças e outras estruturas da cidade. O investimento será se R$ 109 milhões. A novidade deve agilizar os serviços e as informações coletadas serão transmitidas para o Centro de Controle de Operações (CCO), que está sendo construído no bairro do Comércio.
O secretário de Inovação e Tecnologia (Semit), Samuel Araújo, contou que as discussões para a elaboração do plano começaram em 2016, ainda na gestão do ex-prefeito ACM Neto. Cerca de 250 pessoas participaram diretamente da elaboração do documento.
“A ideia começou com a necessidade de investimento em tecnologia, em 2016. Essa proposta foi levada até o prefeito ACM Neto, mas ele disse que queria um plano para os próximos 30 anos. A captação de recurso foi feita pela Casa Civil e a licitação aconteceu, em 2019. Quando foi em 2020 começaram os workshop de oficinas para a elaboração do plano. A pandemia atrapalhou um pouco, mas conseguimos identificar os 276 indicadores urbanos que mensura a capacidade e maturidade dos serviços públicos”, disse.
A prefeitura informou que a versão digital do Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente (PDTCI) estará disponível em breve para consulta da população, por meio de site que ainda será divulgado.