Demissões foram maiores nos cinco primeiros meses de 2022 do que no ano passado, mostram os dados do IBGE. MARCELLO CASAL JR. / AGÊNCIA BRASI
De janeiro a maio deste ano o Rio Grande do Norte gerou 3,03% empregos a mais do que no mesmo período de 2021. Foram 78.259 admissões em 2022 contra 75.959 no ano passado. No entanto, o número que indica algo positivo não traduz a realidade do cenário potiguar. Até porque neste ano, também foram mais demissões: 75.963 nos primeiros cinco meses, contra 70.870 no período de janeiro a maio do ano anterior; cerca 7,2% a mais. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência.
O que evidencia estas informações é o saldo, ou seja, o cálculo da diferença entre contratações e demissões. De janeiro a maio, foram 2.296 novos postos de trabalho, contra 5.089 em 2021. O primeiro mês deste ano foi o pior do ano, deixando o estado no negativo: 2.607 desligamentos a mais que demissões. O segmento agropecuário foi o que mais demitiu, com encolhimento de 7,41%.
Já o melhor foi o mês de maio, com saldo positivo de 3.519 postos de trabalho. Número, aliás, puxado principalmente pelo segmento da construção civil, cujas contratações tiveram incremento de 3,87%. Os dados seguem rumo contrário aos de âmbito nacional. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o último trimestre móvel – que considera os meses de março, abril e maio – mostraram recuperação do mercado de trabalho. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) aponta que a taxa de desocupação ficou em 9,8% nestes três meses.
De acordo com o estudo, o recuo foi de 1,4% em relação ao trimestre de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022, quando a taxa ficou em 11,2%, e de 4,9% na comparação com o mesmo período de 2021, quando o desemprego estava em 14,7%. Segundo o IBGE, esta foi a menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em maio desde 2015, cujo indicador apontava 8,3%.
De acordo com o economista Janduir Nóbrega, uma das questões que colabora para a baixa geração de empregos no Rio Grande do Norte é a falta de um setor industrial robusto. “Faz uma falta muito grande. Quando a gente vê outros estados, como Pernambuco e Bahia, existe um polo industrial e de serviços muito mais forte, gerando cinco vezes o valor que foi gerado aqui de empregos”, defendeu.
Para ele, a baixa criação de empregos tem a ver com uma falta de planejamento a médio e longo prazos, além da falta de políticas públicas que tragam investimentos necessários para a indústria despontar no estado. “Acho que faltam políticas com mais clareza. Tem o programa da Fiern para desenvolver o sertão, o semiárido. Precisa fazer mais e falar menos. E nós temos feito muito pouco”, declarou.
BRASIL
Em números, o Brasil tem hoje 10,6 milhões de pessoas desocupadas. São 1,4 milhão de pessoas a menos frente ao trimestre anterior, o que representa um recuo de 11,5%. Na comparação anual, a queda foi de 30,2%, com 4,6 milhões de pessoas a menos desocupadas.
O total de pessoas ocupadas atingiu o recorde da série iniciada em 2012, com 97,5 milhões. Uma alta de 2,4%, ou mais 2,3 milhões de pessoas, na comparação trimestral, e de 10,6%, ou 9,4 milhões de pessoas, na comparação anual. O nível da ocupação foi estimado em 56,4%, alta de 1,2 ponto percentual frente ao trimestre anterior e de 4,9 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2021.l