Foi no banheiro que Suherda Marinho Hermeto, de 98 anos, teve sua primeira queda. O espaço é um dos que oferecem mais risco para os idosos, principalmente quando eles se levantam à noite para usá-lo. A aposentada não se lembra o que causou a queda. “Me encontraram desacordada no chão, com a perna quebrada”, relata.
Suherda diz que teve sorte, já que precisou apenas de fazer uma cirurgia e ficou de repouso por 15 dias. No entanto, a queda preocupou a família, que preferiu deixá-la vivendo em uma casa de repouso, com mais assistência. Idosos que sofrem queda apresentam risco entre 60% e 70% de cair novamente no ano seguinte, segundo uma pesquisa da “Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia”.
No lar em que Suherda vive, no bairro Cidade Jardim, na região Centro-Sul de BH, a estrutura é toda adequada para reduzir os riscos. “Há o acompanhamento dos idosos com maior risco de queda, grades na cama e corrimão nos ambientes”, pontua a sócia do lar, Fernanda Simões Dantas.
O presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Fernando Baldy, explica que o risco de quedas é aumentado devido ao envelhecimento da musculatura, condição chamada de “sarcopenia”. Além disso, a debilitação dos ossos pela osteoporose aumenta a gravidade das quedas. “Os músculos ficam mais fracos e com o reflexo diminuído, porque as fibras rápidas atrofiam. Uma queda banal em casa, da própria altura, que em um adulto jovem não causaria nada, num idoso que tem sarcopenia, mais a osteoporose, pode levar a uma fratura”, explica.
A enfermeira Izabela Maciel, especializada no cuidado do idoso, reforça que a manutenção da massa muscular é um dos principais cuidados para evitar problemas com quedas. “Naturalmente o ser humano vai perdendo vitalidade e necessitando de maior cuidado com a saúde. Eu vejo a atividade física como uma forma de longevidade. Sempre manter atividade física, alimentação saudável e sono de qualidade”, orienta a enfermeira Izabela.
Tratamento pode impedir acidente
Osteoporose é uma doença que pode atingir todos os ossos do corpo, fazendo com que fiquem fracos e com possibilidade de quebrar aos mínimos esforços. O presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Fernando Baldy, reforça que existem tratamentos medicamentosos e alimentares muito eficientes. A orientação é que o diagnóstico seja feito o quanto antes, e não somente após o idoso sofrer uma queda com fratura.
“Principalmente as mulheres, depois da menopausa, devem procurar um reumatologista ou geriatra, para que façam o diagnóstico da osteoporose e realizem o tratamento, não deixando evoluir para uma osteoporose grave, pois às vezes pode ter até fratura espontânea”, detalha Baldy.
Outro agravante, segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico, Gustavo Tadeu Sanchez, é que a maioria dos pacientes não faz acompanhamento após queda. “Há uma resistência grande”, ressalta.
Em alguns casos, o tratamento envolve visitas frequentes a médicos especializados e uso de medicação. “Isso é uma preocupação mundial, porque há um custo enorme para o governo na saúde, tanto direto quanto indireto”, avalia Sanchez.