Rapper mineiro e cantora carioca lançam ‘Black Power’, ‘uma porrada, um soco no estômago do racismo e dos racistas’
Julho foi um mês de muitos encontros entre Elza Soares e Renegado. Em um deles, a cantora e o rapper acompanhavam as Olimpíadas de Tóquio pela TV quando viram a ginasta Rebeca Andrade, jovem negra de 22 anos, conquistar a medalha de prata. O feito histórico emocionou Elza. “Ela olhou para mim e falou: ‘vamos gravar de novo”. Naquela hora entendi que queríamos colocar na música esse sentimento de fazer o impossível ser possível para poder realizar um sonho”, conta Renegado.
Eles, então, entraram em estúdio novamente para colocar os vocais definitivos em “Black Power”, single do músico mineiro que chega nesta sexta (6) às plataformas digitais. A faixa é a sexta do disco “12:21” a ser lançada pelo compositor, que tem divulgado, desde março, uma canção e um videoclipe por mês até completar o álbum, em dezembro. As 12 músicas trazem Renegado em feats com artistas de diversos estilos e regiões do país.
“Black Power” tem letra do rapper em parceria com Umberto Tavares e Jefferson Júnior. “Essa música tem vários pontos fortes. A interpretação da Elza é uma coisa absurda, aquela quebrada do samba que ela dá, aquela malemolência, mas, ao mesmo tempo, tem a carga visceral do rap. É um beat arrebatador, o arranjo joga a música para outro patamar. Ela transmite uma energia de acreditar, de ter fé, de que precisamos de uma oportunidade para fazermos a diferença. Nossa música pede ao mundo para deixar nosso povo preto viver, brincar, ser feliz, respirar” comenta Renegado, que define a canção como “uma porrada, um soco no estômago do racismo e dos racistas”.
A faixa também ganhará videoclipe e marca a terceira dobradinha da dupla, que já havia lançado “Negão Negra”, em julho de 2020, e a releitura de “Divino Maravilhoso”, clássico de Gilberto Gil e Caetano Veloso, em outubro passado. “Black Power” vem coroar a parceria entre dois artistas de gerações diferentes, mas com muitas semelhanças artísticas. “Ela me ensina formas, caminhos e cuidados, nossa cumplicidade só aumenta. Elza é uma diva, uma deusa, e me sinto orgulhoso do carinho que ela sente por mim”, diz Renegado.
Aos 91 anos, Elza Soares continua em diálogo com o que há de mais contemporâneo na música popular brasileira. Ela cita a inspiração das conquistas de Rebeca – “É um peito negro que carrega a primeira medalha da ginástica olímpica brasileira. É a favela dando baile no mundo”, compartilhou Elza nas redes sociais – e dos atletas brasileiros nos Jogos de Tóquio e observa que essa nova parceria com o rapper mineiro “é sobre respeito e nunca parar de lutar”.
“Estou apaixonada por ‘Black Power’, cantei com toda minha força, meu amor e minha raiva, com tudo que eu queria passar nessa música. É um protesto para o nosso povo negro. E fico muito feliz por cantar ao lado de um artista tão amoroso e batalhador”, pontua Elza Soares.
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