A reconstituição simulada que investiga a morte do funileiro Daniel Luís da Silva de Carvalho, ocorrida em 19 de junho do ano passado, em frente a uma oficina mecânica na Via Expressa da avenida Sampaio Vidal, foi realizada na manhã desta quinta-feira (10) por peritos da Polícia Científica.
Dos três personagens envolvidos na morte, apenas uma testemunha de nome não revelado pela polícia compareceu à intimação.
O policial militar autor dos disparos que matou Daniel e o homem que foi esfaqueado durante a confusão no dia dos fatos, comunicaram antecipadamente que não iriam participar da reconstituição.
A remontagem da cena, que busca produzir provas técnicas para melhor esclarecimento dos fatos, foi pedido do promotor Rafael Abujanra, responsável pela acusação.
Segundo apurado pelo Marília Notíciaa família do funileiro que morreu alega que ele teria sido chamado para uma emboscada e que tanto o outro homem, quanto o PM, estariam envolvidos. Uma ligação minutos antes dos tiros seria a prova do crime. Entretanto, uma perícia preliminar no aparelho telefônico não identificou tais chamadas comprometedoras. Uma perícia complementar foi expedida neste sentido, mas ainda não concluída.
Já a defesa do PM alega que ele disparou três tiros contra a vítima em legítima defesa de terceiros, pois Daniel teria agredido e tentado esfaquear o dono da oficina. Apenas uma terceira pessoa além dos dois envolvidos teria presenciado parte do ocorrido. Esta pessoa foi quem participou da reconstituição.
O laudo pericial desta reconstituição após concluída, sem prazo estimado para isso, será encaminhada ao promotor.
CASO
Segundo o Boletim de Ocorrência, o policial militar de folga, que trabalhou por muitos anos na Rocam em Marília, mas atualmente presta serviço em São Paulo, teria relatado que havia levado a van de seu irmão ao local, uma oficina, e não estava em serviço, se apresentando à paisana.
Segundo sua versão, Daniel teria chegado no estabelecimento discutindo com a vítima. Pouco depois saiu irritado e retornou, iniciando nova discussão.
Em determinado momento, de acordo com a versão do policial, Daniel retirou uma faca da cintura e passou a golpear a vítima. O sargento, que estava de folga, teria gritado “parado, polícia” e desferido um disparo de sua arma particular contra Daniel quando ele não obedeceu a ordem.
Ainda conforme a versão do PM, o funileiro não parou as agressões, sendo necessário mais dois disparos. Daniel teria saído correndo com a faca na mão e caído em frente de uma igreja. O policial de folga ligou para outro PM, que informou o Copom sobre o fato, e acionou o socorro.
Uma testemunha confirmou a versão do policial, afirmando que presenciou a briga de Daniel com o dono do estabelecimento por duas vezes.
Conforme a testemunha, ambos se ofenderam durante a discussão e Daniel saiu do local, voltando armado com uma faca. Eles discutiram de novo, até o rapaz golpear a vítima com a arma branca. A testemunha narrou que em dado momento, Daniel quase se ajoelhou para dar a facada na região do abdômen, e então foi possível ouvir três tiros. Em seguida o agressor foi visto saindo correndo com a faca na mão e caindo na calçada.
Após os fatos, a testemunha tomou conhecimento que os tiros tinham sido dados por um policial de folga. A perícia esteve no local e foram recolhidos o celular do dono da oficina e o revólver do sargento, com duas munições intactas e três deflagradas.
Segundo relatos da família da vítima, o desentendimento ocorreu por causa da venda de um Corsa, usado, pelo valor de R$ 3 mil, que Daniel fez ao outro homem; este estaria cobrando a transferência da documentação, há um mês atrasado. Daniel teria ido se explicar quando houve a discussão e morte na oficina.