O ideal mesmo é curtir um cineminha no meio da tarde, numa evidência clara de folga. Mas, se a preguiça bater pesado nesses dias de maresia ou se o shopping estiver cheio demais, vale apelar para as plataformas de streaming e relaxar na frente da tevê. Boas opções do que assistir é que não faltam. Das tramas mais cerebrais até as bobaginhas que nos deixam de alma leve, separamos aqui cinco filmes e cinco séries como sugestões. Mas, vale lembrar que toda lista é muito pessoal e obedece a critérios subjetivos, tá bom?
O Último de Nós (HBO) – Estrelada por Pedro Pascal e Bella Ramsey (ambos sensacionais), The Last of Us é baseada no game premiado e traz uma premissa manjada: pandemia transforma em zumbi a maioria esmagadora dos seres humanos. Acontece que os mortos-vivos são a ponta do iceberg. A trama tem mais a ver com a redescoberta (ou não) da humanidade dentro de cada sobrevivente. Roteiro primoroso, fotografia cheia de nuances e trilha sonora de Gustavo Santaolalla linda. Uma temporada.
Questão de Química (Apple+) – Inspirada no livro de Bonnie Garmus, Uma Questão de Química tem um texto ótimo e é tudo menos previsível. Elizabeth Zott (Brie Larson) é uma química que, vítima de um ambiente machista, se reinventa como apresentadora de um programa culinário. Mais do que ensinar receitas para as donas de casa, ela mostra a química por trás das preparações, recheando tudo com discussões bem-humoradas sobre os papéis sociais de homens e mulheres nos anos 50. Uma temporada.
Daisy Jones e os Seis (Vídeo Principal) – Quem curte rock’n’roll, especialmente o da década de 70, precisa maratonar Daisy Jones & The Six, série massa inspirada no livro de Taylor Jenkins Reid. Com Sam Claflin e Riley Keough (neta de Elvis), ambos maravilhosos, a história apela para todos os clichês esperados e necessários para seguir uma banda de muito sucesso, que enfrenta uma guerra interna de egos. A trilha sonora original, executada pelos atores, é massa – procure o álbum Aurora nas plataformas. Uma temporada.
O Urso (Star+) – Uma das melhores coisas da televisão recente, O Urso parece uma panela de pressão prestes a explodir. A história mostra a reentrada do renomado chef Carmy (Jeremy Allen White) na cozinha do restaurante da família, onde encontra dívidas, funcionários relapsos, cozinha caindo aos pedaços e até falta de suprimentos. A xis da questão é que, para além das dificuldades, ele precisa juntar os próprios cacos e unificar a família. Duas temporadas.
Da África aos EUA – Uma Jornada Gastronômica (Netflix) – A combinação de gastronomia com história, cultura e sociedade quase nunca falha. No caso da série conduzida pelo chef e escritor Stephen Satterfield essa equação atinge a excelência. Inspirado no livro da pesquisadora Jessica B. Harris, o apresentador viaja até a África para entender como os povos escravizados que vieram para os EUA lutaram para manter um fragmento de sua cultura ancestral em desse lado de cá do Atlântico. Duas temporadas.
Barbie (HBO) – Maior sucesso de bilheteria de 2023, com US$ 1, 4 bilhão arrecadados ao redor do mundo, Barbie chegou há poucos dias na HBO Max. Com a maravilhosa Margot Robbie no papel título e Ryan Gosling como seu namorado Ken, o filme de Greta Gerwig mostra como a boneca passou de simples brinquedo de meninas abastadas a símbolo de representatividade universal. Por isso, o casal é vivido por atores de diversos shapes e questões existenciais. Uma delícia.
Vermelho Branco e Sangue Azul (Prime Video) – A história baseada no livro de Casey McQuiston (que já era um fenômeno pop) movimentou deus e o mundo, transformando o filme estrelado por Taylor Zakhar Perez, Nicholas Galitzine e Uma Thurman num dos programas de maior audiência do Prime Video. A trama fofa mostra o romance do filho da primeira presidente dos EUA com o príncipe da Inglaterra. Vermelho Branco e Sangue Azul é uma surpresa massa e, ao lado de Heartstopper (Netflix), levou representatividade com sabor de comédia romântica para milhões de jovens.
Rustin (Netflix) – Produzido pelo casal Obama, o filme apresenta a história de vida do ativista Bayard Rustin, que organizou a Marcha Sobre Washington de 1963, momento decisivo na luta dos negros por direitos civis nos EUA. Assumidamente um homem gay, ele acabou ofuscado por seus pares, como Martin Luther King e Malcolm X. A performance poderosa de Colman Domingo dá um up enorme na cinebiografia dirigida por George C. Wolfe.
Máfia da Dor (Netflix) – Não tem nada de extraordinário no filme de David Yates, que tem Chris Evans e Emily Blunt como protagonistas. Isto é, tirando a história real e absurda na qual é inspirado: uma indústria farmacêutica pagou milhões de dólares a médicos para que prescrevessem fentanil, opioide 100 vezes mais potente que a morfina e mais viciante que a heroína, para qualquer dor que o paciente apresentasse. O bacana é que o público se depara com o assunto sem o drama esperado. E isso se deve muito ao texto cínico adotado pelos realizadores e às atuações surreais do elenco.
Cassandro (Prime Vídeo) – Performance incrível de Gael García Bernal como o lutador mexicano Saúl Armendáriz, que trabalhou bravamente para se impor como homem gay no universo extremamente preconceituoso da luta livre. Para se afrontar, ele entrava no ringue vestido de drag queen. Dirigido pelo documentarista Roger Ross Williams, Cassandro é uma cinebiografia divertida, honesta e profunda.