Fechado desde 2020, o Pronto Atendimento (PA) do Hospital Júlia Kubitschek (HJK), localizado na região do Barreiro, em Belo Horizonte, será reaberto na próxima quarta-feira (20). A informação foi confirmada nesta segunda-feira (18) pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) a O TEMPO.
Apesar da boa notícia, os servidores da unidade de saúde ainda veem a reabertura com receio, já que, segundo informações obtidas pela reportagem, médicos sem experiência em emergência teriam sido remanejados para a reabertura. No início do mês, o medo dos trabalhadores era que a unidade fosse aberta com poucos médicos e sobrecarga de trabalho.
O presidente do Sindicato dos Trabalhdores da rede Fhemig (Sindpros), Carlos Martins, lembra da dificuldade confirmada pelo Estado em conseguir médicos para trabalhar na urgência. “Estavam improvisando, convocando médicos de outros setores, sem experiência nessa área. Por isso, muitos estavam vendo com receio essa reabertura”, disse.
A informação sobre remanejamentos internos, com profissionais que não atuam no setor de urgência, também foi confirmada pela diretora-executiva do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG), Neuza Freitas.
“Soube que a dificuldade de encontrar médicos levou a remanejamentos internos, mas os trabalhadores querem que a porta do PA seja aberta. Faltam médicos, mas os demais profissionais estão lá, esperando para trabalhar. Problema de pessoal é do Governo e da Fhemig, não é nosso. Se eles não se preveniram esse tempo todo (desde 2020) e não planejaram a reabertura, nós não vamos entrar nessa. Temos é que pressionar para abrirmos a porta, pois a população está precisando”, argumenta.
Segundo a Fhemig, o processo de retomada da unidade de emergência do HJK foi “gradativo e planejado”, sendo que, em maio deste ano, foram reabertos 30 leitos de enfermaria para “atendimento de retaguarda”. “O pronto atendimento volta neste mês de julho, em um processo de readaptação das equipes e da rotina assistencial”, detalha a fundação.
Para o PA , foi implementado um planejamento na contratação de profissionais, em especial médicos, ainda conforme a Fhemig. “Foram abertos, de janeiro deste ano até o presente momento, 12 editais para o Complexo de Especialidades, do qual o HJK faz parte. Com isso, foram contratados 16 médicos, com carga horária de 12 horas semanais”, completa.
O atendimento será reaberto com o mesmo perfil assistencial de antes da pandemia, que é de atendimento de clínica médica adulta. A reportagem procurou o Governo de Minas e a Fhemig para falar sobre o possível remanejamento de profissionais sem experiência para o Pronto Atendimento. O posicionamento dos órgãos serão incluídos assim que recebidos.
Entenda
De acordo com a Fhemig, o PA da Unidade de Emergência (UE) do HJK foi interrompido temporariamente em 2020 para que a unidade de saúde pudesse redirecionar os leitos para os casos de Covid-19, em um acordo firmado entre a fundação e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
“Nos momentos mais críticos da pandemia, o hospital esteve 100% voltado para o atendimento a casos de covid-19, tendo sua maternidade como referência para gestantes e puérperas com suspeita ou confirmação da doença”, detalha o órgão.
Em maio deste ano, a unidade recebeu uma visita técnica de deputados estaduais e do Sind-Saúde MG. Na ocasião, foram constatadas diversas irregularidades no hospitalsendo que a ala de urgência estaria recebendo pacientes de última hora para “maquiar” o fato de não estar em funcionamento.