A Reserva Extrativista (Resex) Lago do Cuniã, situada na região do Baixo Madeira, em Porto Velho, é o lar de mais de 37 mil jacarés em seu lago, e surpreende a todos por suas maravilhas naturais. A curiosidade sobre como os moradores da comunidade conseguem conviver em harmonia com animais selvagens faz com que muitas pessoas se questionem: como conhecer esse paraíso amazônico? Spoiler: por enquanto, só é possível para a população local. Devido ao seu status de Reserva Extrativista, apenas os moradores, seus familiares mais próximos, pesquisadores e entidades públicas têm permissão para entrar na área. A visitação só é permitida mediante autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é responsável por fiscalizar e monitorar a região.
Para facilitar o acesso à região, a Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho de Porto Velho (Semdestur) está desenvolvendo um plano de ação para o turismo comunitário nos núcleos da unidade extrativista, permitindo visitas na Resex. O turismo de base comunitária é uma opção para evitar impactos negativos no ecossistema e cultura local. Conforme Mauro Guimarães, analista do ICMBio, o turismo de massa pode causar prejuízos irreversíveis à fauna, flora e à cultura local. Consequentemente, o turismo de base sustentável ou comunitário depende da participação ativa das comunidades locais para garantir a preservação do turismo sustentável em suas áreas.
Glayce Bezerra, secretária da Semdestur, enfatiza que o turismo de base comunitária na reserva está centrado na preservação ambiental, com a participação dos residentes locais. As atrações incluem a contemplação da paisagem regional e a interação com a comunidade, como a revoada dos biguás, focagem noturna de jacarés, amanhecer no lago e a gastronomia local. O projeto de turismo de base comunitária foi desenvolvido em colaboração com o ICMBio, o Instituto Rondoniense de Turismo e a Associação dos Moradores, Extrativistas e Produtores Rurais da Reserva Extrativista do Lago do Cuniã (ASMOCUN).
O projeto abrange diferentes etapas para a implementação do plano de ação do turismo de base comunitária, incluindo a realização de uma visita técnica à Unidade de Conservação, encontros com os conselheiros do Conselho Empresarial de Turismo (Conetur), mapeamento e inventário da oferta turística, desenvolvimento de uma marca promocional, criação de um mapa turístico do Lago do Cuniã e a elaboração de um livreto de Turismo de Base Comunitária – Baixo Madeira. Além disso, a Semdestur iniciou um estudo de capacidade de carga, em parceria com a Universidade Federal de Rondônia (Unir), para avaliar o fluxo de turistas que os núcleos podem suportar, com visitas técnicas realizadas nos núcleos Pupunhas, Neves, Silva Lopes, Araçá e Bela Palmeira.