Se é preciso ser visto para ser lembrado, também é preciso estratégia para ser contratado. Sob a pressão de marcarem presença nas redes sociais para ganharem autoridade no setor e conquistar clientes, profissionais das mais diversas áreas se veem quase obrigados a criar perfis nessas plataformas, porém a conversão dessa presença online em dinheiro demanda uma série de passos, segundo a analista do Sebrae Minas Marina Moura.
“Estar nas redes sociais já é essencial. Hoje, elas são mais do que um canal de interação, elas são uma fonte de pesquisa. Quando o profissional está lá, ele interage com o público, ganha autoridade e, no momento de escolha do consumidor, é lembrado. Todos os atributos visuais da rede importam, o número de seguidores é apenas um deles”, pontua ela.
Além de somar mais um trabalho na rotina de advogados, médicos, nutricionistas, personal trainers e diversos outros profissionais liberais, a rotina nas redes também exige conectividade constante — algumas vezes, ao custo da saúde mental do trabalhador. Por isso, antes de investir nesse caminho é necessário traçar um limite para não ser engolido pela corrida por seguidores. “As pessoas sentem uma pressão enorme para ter presença digital, mas isso não necessariamente cabe na vida delas”, reflete a criadora da plataforma de conteúdo digital Contente.vc.
Confira abaixo três dicas para aumentar o engajamento nas redes sociais sem comprometer a saúde mental nesse processo:
1 – Entenda em que rede social seus clientes estão (mas não corra para estar em todas)
Estar nas redes sociais não significa criar uma conta em todas elas e repetir cada tendência de dancinha do TikTok. A analista do Sebrae Minas Marina Moura explica que o primeiro passo para definir uma estratégia de conteúdo é entender em quais redes o público está. Um advogado corporativo, por exemplo, dificilmente precisará criar conteúdos de entretenimento no Instagram, mas pode se beneficiar de outras estratégias.
“Ele pode estar no Linkedin, por exemplo, que é mais corporativo. Já uma ginecologista ou quem trabalha com estética, por exemplo, pode estar no Instagram, por ser uma rede mais pessoal”, pontua a analista. Para quem ainda está iniciando a exposição nas redes e não tem ideia de onde estão os potenciais clientes, ela recomenda entender, em primeiro lugar, onde estão os clientes que ele já tem.
“A melhor forma é perguntar aos clientes, no final do atendimento, por exemplo, qual canal digital eles mais usam. Pode-se perguntar em que canais eles procurariam um profissional da área. Depois disso, é o momento de buscar o mercado e definir seu nicho. Se você atua com nutrição esportiva, por exemplo, veja onde estão os atletas que procuram esse serviço”, completa Marina.
Luiza Voll, da Contente.vc, complementa que, se o profissional já está sobrecarregado com suas outras tarefas, pode focar apenas no básico das redes sociais. “Não adianta perceber que seria incrível estar no TikTok, no Instagram e no Linkedin se a pessoa só tem meia hora para se dedicar a isso, porque essa é a receita para a frustração. Recomendamos um olhar atento para sua própria vida: se você só tem determinado tempo para se dedicar às redes, em qual lugar acertará mais? Comece por isso, sem tentar abraçar o mundo inteiro”, aconselha.
2 – Mantenha a frequência da produção de conteúdo (mas não dedique 24 horas às redes)
Não é necessário aparecer toda hora e nem todo dia nas redes, mas é preciso haver frequência de publicações, seja no feed, nos stories ou na interação com os seguidores. O conteúdo é entregue pelas plataformas a partir de algoritmos que “leem” o que seria ou não relevante para os seguidores. Quanto maior for a interação deles com o perfil, maiores as chances de o conteúdo aparecer para mais pessoas.
“Tem gente que faz a conta e depois volta em um mês, mas isso não adianta. O empreendedor se torna uma mídia, então tem que ter constância nessa comunicação, como se fosse um jornal. Sem isso, o algoritmo da rede não entrega o conteúdo para os clientes”, detalha a analista do Sebrae Marina Moura.
A necessidade de constância nas redes não significa estar conectado 24 horas, entretanto — ou sequer todos os dias. “Precisamos nos lembrar todos os dias de que somos humanos e de que coisas acontecem nas nossas vidas, passamos por crises. Isso quer dizer que, quando eu não estiver a fim de fazer conteúdo, não vou fazer? Não, porque se você se propõe a ter uma presença digital com pegada profissional, a frequência será importante. Mas isso quer dizer que tenho que abrir mão de tudo por ela? Também não”, elabora Luiza Voll, criadora da Contente.vc.
Uma estratégia que ajuda a contornar a pressão de produção constante, explica ela, é reservar um momento para produzir bastante conteúdo que possa ser publicado aos poucos posteriormente. “Faça um planejamento que considere que não estamos iguais todos os dias e que nossa energia é finita”, diz.
3 – Seja autêntico (mas conheça os limites do que deseja expor)
Inspirar-se em profissionais bem-sucedidos da sua área é um caminho para iniciar a produção de conteúdo, mas o que os seguidores de fato querem conhecer é quem o profissional de fato é, explica a analista Marina Moura. “O negócio tem que ter verdade e autenticidade. Quem faz sucesso não é quem tem o conteúdo mais elaborado e profundo, mas quem tem mais autenticidade, em quem as pessoas mais acreditam. Tudo o que for interação falsa não vai funcionar”, explica.
Ela recomenda que os primeiros passos nas redes sejam trilhados pelo próprio profissional, que poderá falar com propriedade sobre a área em que atua. As agências de marketing e publicidade, defende ela, são aproveitadas melhor após o profissional ter uma base de seguidores e entender como seu público se comporta. “A agência não tem todo o conhecimento que o profissional tem, ela entende de marketing. Ela funciona para dar escala ao trabalho, planejar, trabalhar com anúncios”, diz.
Mas até que ponto a exposição é saudável? É uma fronteira que precisa ser definida por cada profissional, enfatiza Luiza Voll, da Contente.vc. “Você não precisa fazer nada online que o deixe desconfortável, nada mesmo. Se não quer mostrar o rosto, não precisa, porque é possível ter uma presença online fortíssima sem isso. As pessoas não precisam nem saber seu nome. Para tudo existe uma estratégia por trás e possibilidade de sucesso”, exemplifica.
Refletir sobre os limites, completa ela, é o primeiro passo para colocá-los em prática. “Você pode fazer uma linha: de um lado, o que não se incomoda em fazer, como aparecer em vídeo, falar do seu dia a dia, de eventuais problemas. Do outro, o que não quer trazer, como mostrar os filhos, o relacionamento, crises pessoais. Se você tem essa consciência, consegue respeitar a si mesmo. Se nunca pensar sobre isso, a chance de se arrepender é muito grande”, conclui.