Há três meses do Carnaval e ainda sem empresas interessadas em apoiar o evento, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) se prepara para publicar na próxima semana o terceiro edital de patrocínio para a folia do próximo ano. Em meio a críticas de falta de atratividade mercadológica do certame, o presidente da Empresa Municipal de Turismo da capital (Belotur), Gilberto Castro, garante que a próxima publicação terá mudanças significativas. Segundo ele, o edital irá prever a participação de entidades e federações, além de alterar os valores das cotas.
O primeiro edital de patrocínio para a festa na capital foi lançado em setembro e previa um investimento mínimo de R$ 800 mil para o biênio 2024/2025 sendo R$ 300 mil para o ano de 2024 e R$ 500 mil para 2025. Além do valor em espécie, a empresa vencedora teria que se comprometer a fornecer também uma série de itens para garantir a estrutura do evento. Já o segundo certame, publicado em outubro, trazia a possibilidade de cinco chancelas de patrocínio totalizando 15 cotas. A cota principal teria o valor mínimo de R$ 10 milhões, sendo possível a ativação de até três marcas, enquanto as demais cotas variavam entre R$ 4 milhões e R$ 500 mil. Em ambos os editais, não houve empresas interessadas.
“Revogamos o último edital para ampliar a possibilidade de captação de investimentos da iniciativa privada. A gente entendeu que algumas contrapartidas não eram possíveis de serem realizadas, então, retiramos alguns pontos e inserimos outros para aumentar a atratividade. A nossa intenção é sempre ampliar para ter mais participantes”, justificou Castro.
Questionado sobre a falta de interessados, o presidente da Belotur diz ainda não ter a resposta. “É difícil conseguir entender. Abrimos consultas públicas, acatamos as sugestões do setor, diminuímos os valores das cotas, incluímos também a possibilidade de se ter agente captador, porque as marcas têm agências que fazem essa questão por elas, ampliamos a concorrência para entidades. Colocamos a exclusividade do patrocinador, tudo que está ao nosso alcance para ser mais atrativo vem sendo feito, estamos com escuta ativa para o mercado”, argumentou.
Para a vereadora Marcela Trópia (Novo) “dinheiro privado para bancar o carnaval de Belo Horizonte não falta”, o problema, segundo ela, é a falta de atratividade e atraso na legislação do município.
“Hoje estamos entre os destinos mais procurados do Brasil, as empresas querem fazer parte da festa. Se o edital não está conseguindo fechar um patrocinador, é porque não está sendo atrativo o suficiente. Um dos principais problemas que já identifiquei é que a legislação de Belo Horizonte proíbe o marketing de guerrilha, que são aquelas ações como entrega de brindes, campanha nas ruas, banners, adesivagem de carros; A empresa que patrocina um grande evento, precisa ter um retorno de marketing do investimento feito. Patrocinar o Carnaval sem poder nem exibir sua marca vira caridade”, afirmou.
Disputa
Conforme publicado por O Tempo a falta de atratividade mercadológica e “disputa” de patrocínios com Estado têm gerado mal-estar nos bastidores. De um lado, interlocutores argumentam que a gestão e o modelo adotado pela Empresa Municipal de Turismo da capital (Belotur) para captação de recursos é ineficiente e impõe muitos empecilhos para atração de investidores. Do outro lado, há quem diga que os editais de incentivo a cultura lançados pelo governo do Estado para o patrocínio de projetos artísticos desde o último Carnaval têm gerado concorrência para que a prefeitura de BH consiga atrair patrocínios diretos para a festa, já que com o instrumento estadual as empresas obtêm incentivos fiscais para o pagamento de tributos.
O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, rebate e diz que o governo busca somar esforços para auxiliar o Carnaval e os grupos da cidade. O Estado está, inclusive, segundo ele, disposto a investir recursos próprios para a festa na cidade.