Nos postos de gasolina de Belo Horizonte e região metropolitana, o preço do diesel ainda não foi afetado pela retomada da cobrança do PIS/Cofins sobre o combustível. Esperava-se que o combustível ficasse mais caro após a reoneração anunciada pelo governo federal a partir do primeiro dia do ano.
Dos dez postos de combustíveis consultados pela reportagem de O Tempo, apenas um, localizado no bairro Floresta, na região Leste de BH, aumentou o preço do diesel em R$ 0,30, comparado aos valores pesquisados entre 18 e 20 de dezembro pelo site de pesquisas Mercado Mineiro. Por telefone, um funcionário de um posto no Santa Efigênia, na mesma região de BH, informou que o litro do combustível, vendido atualmente a R$ 5,87, provavelmente teria um reajuste de R$ 0,17, mas somente quando chegasse uma nova remessa.
Com exceção desses, a maioria esmagadora dos estabelecimentos não alterou os preços praticados nos postos. Mas houve aqueles que chegaram a reduzir o preço do diesel em R$ 0,10. É o caso de um posto no bairro Jardim Atlântico, na região da Pampulha, que vendia o litro por R$ 5,89 e passou para R$ 5,79, e de outro situado na Via Expressa de Contagem, onde o combustível passou de R$ 5,69 para R$ 5,59.
Esse “desconto” para o consumidor se deve à última redução do preço do diesel vendido às distribuidoras pela Petrobras. No dia 26 de dezembro, a estatal anunciou uma redução de R$ 0,30 por litro e a estimativa da empresa era de uma redução de até R$ 0,26 para o consumidor final.
Segundo o economista Feliciano Abreu, do Mercado Mineiro, a redução da estatal praticamente não foi aplicada nos postos, porque os proprietários já sabiam que, logo no início do ano, haveria a volta da cobrança do PIS/Cofins. Ele acredita que haverá um aumento gradativo, de cerca de R$ 0,20 a R$ 0,30 para os motoristas. “E foi exatamente a redução que aconteceu na última semana. Então, o que a gente pode esperar é que os preços se mantenham. Se o consumidor ver algum aumento significativo, abusivo no litro do diesel, ele tem que reclamar bastante, porque houve a compensação, em tese”, explica.
Ele observa que o diesel ainda está muito caro e, com a volta do imposto, é preciso redobrar a atenção, porque ele inflaciona muito a economia quando aumenta. “Os preços tendem a aumentar nas prateleiras dos supermercados e o custo de transporte se eleva”, diz.
Tendência é de aumento de R$ 0,32 no litro do diesel
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), a mudança da alíquota do imposto sobre mercadorias e serviços (ICMS), que passou de R$ 1,22 para R$ 1,37 (R$ 0,15), somada à tributação estadual, que foi de R$ 0,94 para R$ 1,06 e, agora, a reoneração federal, deverá ter um impacto de R$ 0,32 por litro.
Os tributos federais foram zerados pelo governo Bolsonaro em 2022, durante o período da pandemia, guerra da Ucrânia e posterior corrida eleitoral. O objetivo era reduzir o preço do combustível para a população.
Em 2023, a Petrobras afirma que reduziu em R$ 1,01 o preço do combustível. Um levantamento divulgado nesta terça-feira (2/1) pelo site de pesquisas Mercado Mineiro, mostrou que somente no ano de 2023 o diesel recuou – 6,25%, passando de R$ 6,41 para R$ 6,01.
Atualmente, o preço médio do diesel no país é de R$ 5,98 o litro contra R$ 5,59 da gasolina, segundo uma pesquisa da Petrobras, a partir dos dados da Associação Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Entidades como o Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG) estão insatisfeitas com a reoneração e lembram que, historicamente, o diesel nunca esteve mais caro que a gasolina. A categoria está programando uma paralisação contra o retorno do tributo.