A Polícia Federal divulgou nesta sexta-feira (17) que os suspeitos de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips agiram sem ‘mandante nem organização criminosa por trás’.
A nota diz que, embora as investigações apontem que os suspeitos agiram sozinhos, há indícios da participação de outras pessoas no crime.
Ainda segundo a nota divulgada pela PF, as equipes ainda fazem buscas pela embarcação utilizada por Dom e Bruno, que teria sido afundada por Pelado, que confessou o assassinato dos dois. As buscas contam com apoio dos indígenas da região e dos integrantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari.
Confissão
Os irmãos Oseney da Costa Oliveira, conhecido como Dos Santos, e Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, confessaram as mortes do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. A informação foi divulgada pela TV Band e pela TV Globo nesta quarta-feira (15), atribuindo a fontes da Polícia Federal. Os dois já estão presos por suspeita de envolvimento no desaparecimento.
Suspeitos foram levados para local de buscas (Foto: Reprodução) |
Mais cedo, os dois suspeitos foram levados por agentes da PF para os locais das buscas pelos desaparecidos. Segundo a Band, o suspeito Dos Santos disse que os corpos teriam sido queimados e esquartejados na região da Terra Indígena Vale do Javari. A Globo diz que a PF faz buscas pelos corpos. A família de Dom Phillips no Reino Unido disse que ainda não foi informada sobre novos desdobramentos.
Uma mochila, documentos e outros objetos de Dom e Bruno foram encontrados na região amarrados a um igapó perto da casa de Pelado. Antes, a PF informou que havia encontrado “material orgânico aparentemente humano” no local – o achado foi encaminhado para perícia.
Pelado foi o primeiro preso, após relatos de que ele teria sido visto em barco seguindo os dois desaparecidos. Uma testemunha chegou a dizer que viu o suspeito atirar para cima com uma espingarda pouco depois que Bruno e Dom partiram para Atalaia do Norte, onde nunca chegaram. Eles estão sumidos desde o dia 5 de junho.
Já dos Santos foi preso essa semana, com cartuchos de armas de fogo e um remo, que passarão por perícia.
Um depoimento colhido pela PF é do procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Javari (Univaja), Eliésio Marubo, que diz que Bruno mandou uma mensagem afirmando que temia pela sua vida, dizendo que a reunião marcada com “Churrasco” poderia “dar algum problema”.
Segundo o Globo, uma hipótese investigada pela PF é se o crime teve relação com um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico por meio da venda de peixes e outros animais. A reportagem diz que peixes que seriam usados no esquema foram apreendidos recentemente.
Desaparecimento
Bruno e Dom tiveram o desaparecimento informado pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), na segunda (6). Eles sumiram no trajeto entre a comunidade de São Rafael e Atalaia do Norte, diz a entidade.
Dom Phillips fazia a viagem para realizar entrevistas para um livro que escrevia sobre a Amazônia. Bruno, servidor licenciado da Funai e profundo conhecedor da região e dos povos indígenas, o acompanhava.
No dia 5, os dois deixaram o Lago do Jaburu para a comunidad de São Rafael, onde o indigenista participaria de uma reunião. Eles chegaram lá por volta das 6h, conversaram com uma moradora e depois começaram a viagem de volta, mas jamais chegaram e não foram mais vistos.
Baseado no Brasil há 15 anos, Dom Phillips era repórter e colaborava para várias publicações, incluindo o The Guardian. Ele morava em Salvador com a esposa, que é baiana.
Já Bruno era um servidor licenciado da Funai, sendo um dos indigenistas mais experientes do país. Segundo a Univaja, ele recebia várias ameaças de madereiros, garimpeiros e pescadores por conta do seu trabalho na Amazônia.