A vacina intranasal mostrou-se mais eficaz do que as tradicionais em testes realizados com animais. Foto: Malikov Aleksandr/Getty Images
Um estudo publicado na revista científica Vaccines revelou que uma vacina intranasal contra a Covid-19 obteve 100% de eficácia em testes realizados em camundongos. Estes animais eliminaram o vírus do pulmão mais rapidamente do que os camundongos vacinados com agulha, de acordo com pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).
Financiado pela Fapesp e realizado em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo marcou a primeira vez que esse tipo de imunização foi testado no mundo. A vacina é aplicada através da mucosa, seja pelo nariz ou pela boca, o que induz a produção de anticorpos IgA, proporcionando uma ação imunizante local.
Essa abordagem é uma alternativa às vacinas disponíveis atualmente, que são aplicadas intramuscularmente. A vacina intranasal utiliza como antígeno a proteína Spike (S) do SARS-CoV-2, em um método semelhante ao das vacinas existentes.
O professor Momtchilo Russo, um dos coordenadores do estudo, explicou que, devido ao SARS-CoV-2 ser um vírus respiratório, a aplicação nasal da vacina permite neutralizá-lo de forma mais direta, agindo diretamente nas vias aéreas superiores.
A vacina intranasal mostrou-se mais eficaz do que as vacinas tradicionais nos testes realizados com animais, sugerindo que pode reduzir a transmissão do vírus ao atingir mais rapidamente o órgão através da mucosa.
A maioria dos camundongos foi infectada dentro de sete dias após a aplicação da vacina, mas no final do processo, todos estavam protegidos, inclusive contra variantes como gama, delta e ômicron. A formulação do imunizante inclui um auxiliar já aprovado para uso humano, o CpG, que aumenta a eficácia da vacina.
O professor Russo também destacou que a técnica é considerada mais fácil de realizar em comparação com outras vacinas, como as que usam RNA mensageiro ou adenovírus.
Ele sugere que a vacina pode funcionar muito bem como um reforço heterólogo, ou seja, combinada com outras vacinas como AstraZeneca ou CoronaVac. O próximo passo para a vacina será avançar para outras etapas de teste.