Os lojistas que trabalham no shopping popular O Ponto, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, reivindicam contra o aumento no valor do aluguel previsto para acontecer a partir do próximo mês. Lojistas do shopping Uai, no Centro da capital, também têm passado dificuldades finaceiras, com baixa nas vendas. Muitos deles encontram nas ruas a única oportunidade de trabalho, ainda que de forma ilegal. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) diz pensar em alternativas e entre elas estaria a construção de um camelódromo.
Conforme consta em lei, os valores dos aluguéis dos espaços passam por revisões pré-determinadas. O grande problema alegado pelos comerciantes está na baixa venda após o período da pandemia. O preço do aluguel passará, a partir de agosto, a ser de R$ 820 – o dobro do praticado atualmente R$ 410.
“Nós não queremos deixar de pagar aluguel, apenas que a prefeitura mantenha o preço que pagamos na época da pandemia, mesmo estando fechado, que era de R$ 210. Sabemos que o valor está previsto em contrato, só que na época em que ele foi assinado a economia era excelente. Eu vendia até R$ 6 mil, mas no mês passado foi só R$ 300. Paguei para trabalhar”, diz Nivaldo Rodrigues.
Para tentar solucionar o impasse, uma reunião aconteceu, nesta quarta-feira (20), entre camelôs e Arthur Vieira, gerente do centro de comércio popular da secretaria Municipal de Política Urbana. O gestor reconhece a reivindicação do grupo.
“Por mais que os shopping populares na época de 2020 puderam abrir, nós entendemos que não havia consumidores suficientes andando pela cidade. O que o pessoal quer é uma prorrogação do contrato com relação ao shopping colaborador da operação urbana”, disse.
Segundo Vieira, um projeto de lei estipula a renovação contratual por mais 20 meses, no entanto, precisa ser tramitado na Câmara Municipal. “Fazemos a análise que os shoppings populares, de fato, são as únicas alternativas para camelôs. É importante entender que, em BH, se diferencia ambulante de camelô. No Código de Posturas, ambulante é permitido, desde que licenciado; camelô é proibido”.
Alternativas estudadas
A PBH avalia ajudar esta parcela da população e cogita desde a criação de um camelódromo até mesmo mudar o Código de Posturas da capital mineira.
“Uma alternativa é o Shopping Caetés e esta questão da prorrogação [do contrato] tem que ser apreciada, junto com outras alternativas. Pensar [em algo]com a ajuda da comunidade e representantes: possibilidade de camelódromos, uma alteração do Código de Posturas, já que ele restringe demais. Vamos trabalhar com ideias e políticas voltadas pra este pessoal. Vamos buscar novas alternativas”, afirmou Vieira.
Os camelódromos são estruturas mais simples do que os shoppings populares. Neles se concentram diversos vendedores ambulantes e o custo de manutenção seria menor. O representante da PBH na reunião não detalhou como seria a estrutura e onde ela seria montada. A reportagem demandou a prefeitura e aguarda retorno sobre a estratégia.