O outono começou oficialmente nesta quarta-feira (20/3) no Hemisfério Sul e se estende até 21 de junho, quando começa o inverno. Tradicionalmente, neste período as chuvas são mais escassas no interior do Brasil e é esperado o fim do calor extremo. Diante da chegada da nova estação, o consumidor quer mesmo é saber se, enfim, a conta do sacolão vai pesar menos no bolso.
Gastão Goulart, de 42 anos, engenheiro agrônomo da Emater-MG, explica que a tendência nos próximos meses é de maior estiagem. “Com o término do período chuvoso, os grãos e as frutas não alteram muito de preço. Mas as temperaturas mais baixas são mais propícias para as [hortaliças] folhosas”, destaca.
O engenheiro explica que dois fatores que influenciam muito na colheita são a chuva e a temperatura. “O excesso de chuva pode prejudicar, porque aumenta a umidade e a incidência de doenças… Principalmente a chuva de granizo, que gera perda de qualidade e quantidade”, explica Goulart.
Mariana Marotta, de 36 anos, analista técnica da gerência de agronegócio do Sistema Faemg Senar, explica que o outono é uma estação de clima mais ameno, com maior incidência de ventos e diminuição gradativa da luminosidade. “Este ano, estamos saindo do El Niño, entrando em uma zona de neutralidade, para entrar na La Niña. O esperado para este outono, inclusive, são chuvas pontuais”, esclarece.
Segundo a analista, entre os hortifrutis da estação estão o caqui, a mexerica ponkan, o abacate, a goiaba, a cenoura, a beterraba e o tomate, que podem, devido à sua maior oferta no mercado, terem uma diminuição do preço. “O que eu gosto de ressaltar sempre é que, a primeira coisa que a gente tem que lembrar, é que o clima é o ponto final para definir se teremos ou não os nossos produtos. Por exemplo, no final do ano passado, a gente teve uma escassez muito grande de água nas regiões produtoras de banana. Então, isso fez com que o preço dela aumentasse, porque estava com menor oferta do produto no mercado”, explica.
Mariana lembra que o cenário atual é de incertezas em relação ao clima, o que pode acabar favorecendo a proliferação de pragas e doenças, comprometendo as previsões da colheita. “A gente está vivendo um momento hoje que o clima não é como era antigamente. No Outono a gente se preparava para entrar no frio, no inverno, fazia frio e no verão chovia para garantir a nossa produção”, observa..
Previsão do tempo
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, o outono é a estação de transição entre o verão quente e úmido e o inverno frio e seco. Mas ainda há muita chuva na parte norte das regiões Norte e Nordeste, especialmente se persistir a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
É característico da estação ainda as incursões de massas de ar frio, vindo do sul do continente, que podem provocar a queda das temperaturas, principalmente na região Sul e parte do Sudeste.
Alguns fenômenos adversos também podem ser observados, como nevoeiros no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, geadas nas regiões Sul e Sudeste e no Mato Grosso do sul, além de neve em áreas serranas e nos planaltos do Sul e friagem no sul da região Norte e nos Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.