Esforço e dedicação fazem parte do trabalho de 130 famílias do centro comercial popular
“Isso aqui é o meu sonho, a minha vida e também a de outras 130 famílias que trabalham em conjunto, sempre seguindo em frente”. É assim que Gabriel Lopes, secretário da Associação dos Vendedores Ambulantes de Betim (Assovamb), descreve o camelódromo da cidade da região metropolitana de BH. Pai de quatro filhos, ele representa a segunda geração de expositores da família. A missão foi herdada da mãe há 17 anos e vem sendo cumprida com muita dedicação. “A rotina aqui é puxada pra todo mundo, mas todos querem trabalhar pra comprar o seu pão de cada dia”, diz Lopes.
Kelly da Silva confirma. Há aproximadamente oito anos, ela deixou de trabalhar em lojas de vestuário pra tocar o próprio negócio no camelódromo. Mãe de dois filhos, ela vive uma busca constante por melhores condições de vida. “Infelizmente, sabemos que o salário-mínimo não é compatível com o que a gente planeja e almeja. Então, vimos que trabalhar por conta própria seria mais do que necessário”, conta a expositora, que divide a tarefa com o marido.
Italo Bueno chegou ao camelódromo na mesma época em que Kelly, também dando continuidade ao trabalho que a mãe já fazia. No currículo, ele traz de tudo um pouco: já foi salva-vidas, camelô de rua e flanelinha. “Aqui é correria. Nesses dias perto do Natal, chego cedo e saio tarde. Fora a loucura que é atender o público e vigiar esse tanto de mercadoria, mas a gente leva”, garante Bueno.
Murilo de Paula é prova disso. Um dos vendedores mais antigos do camelódromo – com 27 anos de casa –, é de lá que ele tira o sustento da família há quase três décadas. “A maior parte da minha vida eu passei aqui. Antes, a gente não era tão profissional. Agora, tem muita gente que confia na nossa loja”, avalia o expositor, que é casado e pai de duas filhas.
O preconceito com o modelo de negócio, no entanto, continua sendo uma barreira para muitos camelôs. Gerente de uma banca de acessórios eletrônicos e para celular, Shayene Mayara diz que muitas pessoas ainda consideram a origem dos produtos de origem duvidosa, o que, segundo ela, não procede. “Muita gente acha que, por ser de camelô, é diferente, é bagunça, mas não é. O trabalho que a gente exerce aqui tem muita seriedade e responsabilidade”, assegura Shayene, que está há cinco anos no centro comercial popular.
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