Em live inédita que vai ao ar pelo Youtube neste domingo (8), músicos da OOP vão tocar concerto com maiores sucessos dos ‘bad boys’ do rock, como Start Me Up’, ‘Miss You’ e ‘Satisfaction’
Rodrigo Toffolo, maestro da Orquestra Ouro Preto, não esconde de ninguém seu gosto musical. Com mais de 14 anos de profissão, ele já foi perguntado – talvez uma centena de vezes – sobre quais estilos sonoros mais admira e a resposta quase sempre surpreende aos menos avisados.
“Sempre gostei de pop, de rock e de MPB. Meu pai é pianista e com ele aprendi a ouvir todo tipo de música. Lembro uma vez, quando ainda era criança, de acordar no meio da noite com ele tocando uma melodia linda. Curioso, me levantei, fui até ele e perguntei, ‘Pai, o que é isso que você está tocando?’. Ele respondeu sorrindo, ‘ ‘Penny Lane’, dos Beatles’. E eu fiquei ali, hipnotizado por aquela canção maravilhosa”, recorda o regente.
À frente da OOP, Toffolo é conhecido exatamente por promover uma conexão harmoniosa entre o universo erudito e o da música popular através de concertos dedicados a estilos tão diversos como o techno-pop do A-Ha, o jazz de Duke Ellington, o som brasileiríssimo de Alceu Valença e o rock artístico e influente dos Beatles.
Seguindo nesse mergulho sonoro, ele e a orquestra se preparam para apresentar neste domingo (8), uma live dedicada àquela que é chamada de “a maior banda de rock ‘n roll do mundo”, ou simplesmente conhecida como The Rolling Stones.
O show faz parte da programação do Festival do Patrimônio Cultural de Paracatu, e terá início a partir das 18h30, com transmissão ao vivo e gratuita pelo canal do YouTube da Orquestra Ouro Preto.
A decisão de homenagear os “bad boys” do rock surgiu de um pedido do público feito através do concerto “Você Decide”, apresentado pelos músicos da orquestra no mês passado. Durante o projeto, duas músicas foram oferecidas em uma votação em tempo real para que a plateia escolhesse de casa qual seria executada. Foi quando os Stones saíram na frente no gosto popular.
“Propomos uma espécie de ‘briga musical’ para os fãs elegerem o repertório que a gente iria tocar. Apresentamos duas músicas dos Beatles e duas dos Rolling Stones e o público queria sempre mais Stones. Então a gente viu que tinha que fazer esse concerto para eles. No fim das contas, foi uma tentação deliciosa poder brincar com essa ‘rixa’ entre Beatles e Stones”, lembra entre risadas Toffolo.
A partir dai, o próximo passo foi montar o repertório do concerto – o que significava não perder a intensidade das composições de Mick Jagger e Keith Richards.
“Procuramos manter a força da sonoridade dos Stones e por isso fizemos questão de incluir clássicos como ‘Start Me Up’, ‘Satisfaction’ e ‘It’s Only Rock ‘n Roll’. Mas exploramos também o lado melódico de obras incríveis como ‘Angie’, que é uma música lindíssima. Na nossa interpretação enfatizamos aspectos da melodia, da harmonia e do conjunto que apresenta essas canções por uma outra ótica”, explica o maestro.
Completam o setlist da noite outros hits “stonianos”, como “Jumpin ‘Jack Flash”, “Miss You”, “Paint It Black”, “You Can’t Always Get What You Want”, “Brown Sugar” e “Like a Pedra rolando”.
Como tem sido o caso de todos os projetos da OOP referentes à música popular, os arranjos do show foram feitos pelo pianista e colaborador Fred Natalino.
“O Fred é um arranjador e músico incrível. Ele tem feito diversos trabalhos com a gente e tem sido uma figura muito importante no desenvolvimento de material inédito para o grupo. Essa é uma obra feita para cordas e também para uma banda de rock. Ele é um craque que conhece profundamente a orquestração e sabe como fazer isso funcionar bem”, elogia Toffolo.
“Haverá uma versão clássica da orquestra interpretando os famosos riffs de guitarra de Keith Richards?”, pergunto e ouço como resposta um sonoro sim.
“Os conhecidos e inconfundíveis riffs do Keith Richards são irresistíveis. Não tem como ficarem de fora. Sempre falei que a história da música na segunda metade do século 20 passa pelos riffs de guitarra. Quando pensamos na estética musical do passado, tínhamos a sonata, a fuga, o contraponto. Mas algo novo na música contemporânea que precisa ser levado em conta, sobretudo por seu destaque no rock, são os riffs. E nesse concerto, vamos dar um destaque especial para eles”, promete Rodrigo Toffolo.
Beatles x Rolling Stones
A “batalha” original entre bandas de rock foi uma jogada esperta do empresário Andrew Loog Oldham que descobriu logo no início que o melhor marketing para alavancar a carreira do quinteto londrino era vendê-los como uma antítese em pele e osso aos supostamente bem-comportados membros dos Beatles.
Com isso em mente, Oldham criou slogans que apontavam as diferenças entre as bandas, como “Você deixaria sua filha casar com um Rolling Stones?”, e assim conseguiu sedimentar os Stones como os verdadeiros “marginais” do rock.
No entanto, na intimidade, os integrantes dos dois conjuntos eram amigos. Foi inclusive com a música “I Wanna Be Your Man” – que segundo a lenda foi escrita por John Lennon e Paul McCartney em menos de dois minutos –, que os Rolling Stones conseguiram chegar pela primeira vez ao Top10 das paradas musicais.
A partir desse encontro, Mick Jagger e Keith Richards decidiram começar a compor suas próprias canções e assim se firmaram de vez na história da música popular mundial.
Serviço
O quê: Orquestra Ouro Preto toca Rolling Stones no Festival do Patrimônio Cultural de Paracatu
Quando: Neste domingo (8), às 18h30
Onde: Live com transmissão ao vivo pelo do YouTube da OOP
Quantos: Gratuitamente