Ver os jatos de água saindo do mar e os saltos exuberantes das baleias jubarte é um passeio turístico consolidado no litoral do Sul da Bahia e em outros locais como em Praia do Forte. A prática, agora, passará a ser comum também para quem explora a capital baiana, incluída nos roteiros dos turistas. A novidade foi anunciada nesta quinta (7), na abertura da temporada das jubartes 2022 por aqui, que segue até novembro.
Presente em evento que aconteceu no Museu do Mar Aleixo Belov, no Santo Antônio Além do Carmo, o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-BA), Jean Paul Gonze afirmou que a iniciativa parte da percepção de que a observação das jubartes pode ser feita sem sair da cidade.
“A gente já tem essa excursão há algum tempo em Praia do Forte. A parte de Salvador começa agora e esperamos que seja um produto com grande absorção porque há um potencial incrível nesse passeio. Pelo menos umas 30 agências de turismo nacional e internacional estão aptas a fazer esse tipo de excursão”, garantiu Gonze.
Lançamento da temporada da baleias jubarte no Museu do Mar Aleixo Belov (Foto: Setur-BA) |
E tem baleia por aqui?
De acordo com dados da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur-Ba), anualmente, 22 mil jubartes se reproduzem em águas baianas e estão distribuídas por toda a costa. Um potencial a ser aproveitado pelas agências, seguindo a cartilha de cuidados com os animais. “Criamos o selo ‘Avistamento Legal’ para garantir que o passeio seja feito respeitando as normas para esse tipo de turismo aqui no Brasil. […] E, para ter esse selo, a embarcação e o seu condutor precisam estar registrados legalmente na Marinha e cientes de toda normativa necessária para a segurança”, explica William Freitas, presidente do Instituto Redemar.
Em parceria com a Abav-BA e a Setur-Ba, o instituto vai formar turmas para ensinar as práticas corretas quando o assunto é navegar para avistar as jubartes. Matheus Serra, supervisor do Projeto Baleias Soteropolitanas (PBS) do Redemar, indica o que deve ser abordado com os alunos. “Basicamente, é um trabalho de explicação do que são as baleias jubarte, quais são as características delas, como se portar e o que não se pode fazer ao conduzir esse tipo de passeio. Tudo relativo ao convívio sustentável com as jubartes é colocado em pauta na nossa capacitação e todos que vão prestar serviços estão sendo capacitados para isso”, afirma o supervisor.
Além de condutores de embarcações, a turma será formada também por pesquisadores e biólogos que devem fazer parte das equipes que vão conduzir os passeios. Uma destas pessoas é a bióloga Lívia Machado, 28, bióloga. “Fui voluntária ano passado para a capacitação e vou participar novamente esse ano. Agora, além da capacitação, tem a parte de educação ambiental nas escolas. Biologia Marinha é a área que quero seguir e continuar no Redemar é prosseguir com meu sonho”, fala a bióloga, que pretende ser uma das profissionais a supervisionar as excursões.
A bióloga Lívia Machado vai fazer parte de turmas de capacitação (Foto: Setur-BA) |
Setur-BA apoia
Também presente no Museu do Mar nesta quinta-feira, Maurício Bacelar, titular da Setur-BA explicou o porquê do apoio da pasta à alternativas para o turismo náutico na capital baiana. “Com esse aumento de espécies na nossa costa e vários pontos propícios para observação em Salvador, nos unimos para promover mais essa atividade turística. Entendemos que, com essa atividade, estimulamos o turista a ficar mais tempo por aqui, fazendo mais despesas e gerando empregos e renda”, diz o secretário.
De acordo com Bacelar, na década de 1980, apenas mil jubartes se reproduziam pela costa baiana e a chegada da espécie aos 22 mil se dá pela preservação. Ele acredita que o turismo náutico pode ser um incentivo à continuidade da preservação. “A atividade de avistamento de baleias é uma iniciativa que valoriza a necessidade de proteção da espécie e agrega valor econômico às ações de preservação que já temos com a fauna marinha que vive por aqui”, finaliza.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro