Metade do ano já foi. É a partir de agora que muita gente pensa em planejar uma reforma em casa, fazer alguma mudança ou até mesmo levantar paredes. Entretanto, vai ser necessário gastar mais para tirar esse projeto do papel. Isso porque, segundo o Índice Nacional de Custo da Construção Disponibilidade Interna (INCC-DI) medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), só este ano o preço do material de construção subiu 5,28%.
Alguns desses itens – e de maior presença na obra – como, por exemplo, a massa de concreto e o cimento Portland comum chegaram a apresentar um aumento de 14,66% e 13,28%, respectivamente. “Entre os fatores comuns que puxaram esse aumento podemos mencionar o petróleo que tem alcançado valores recordes desde o início do ano. Consequentemente, o preço do combustível diretamente afeta o custo com o frete”, explica a coordenadora de Projetos da construção da Superintendência de Estatísticas Públicas (SUEP/IBRE), Ana Maria Castelo.
No levantamento feito pela FGV, outros produtos também apresentaram uma alta de preço bem significativa, entre eles a massa corrida para madeira (13,34%), a pedra britada (11,20%), o mármore e granito trabalhados (10,32%) e os ladrilhos e placas para piso, mais os revestimentos cerâmicos (9,18%).
“Tudo isso passa também por um planejamento eficiente, tanto o financeiro – para não ocorrer um comprometimento da renda que leve a situações de inadimplência – como da obra, a fim de evitar desperdícios de material e encarecer mais ainda esses gastos”, complementos.
Seja para quem está pensando em trocar o revestimento, levantar um ‘puxadinho’ ou pintar a casa, destacamos 10 sugestões de engenheiros e arquitetos com alternativas para substituir um item ou outro e ainda tentar economizar, ao máximo, sem comprometer a conclusão dessas intervenções. Mãos à obra.
1.Massa de concreto
Aumento de 14,66%
Faça vários orçamentos com diferentes fornecedores – inclusive, casas de material de construção de bairro – e negocie. A dica é do engenheiro civil e professor da Uniruy Wyden, Cícero Bastos (@cicero_bastos). “Vale também se juntar com algum vizinho ou parente que esteja reformando ou construindo para melhorar o poder de barganha com a compra em quantidade, desde que se tenha um local adequado para o armazenamento desse material”.
2. Massa corrida para madeira
Aumento de 13,34%
Para o arquiteto Eber Paz (@pluscriarq), a madeira sempre traz um efeito diferenciado ao ambiente, porém, torna a execução mais cara. A saída é buscar outras alternativas de revestimento da superfície como o de pvc, gesso ou eva, por exemplo. “É fundamental fazer uma boa cotação de preço para avaliar qual desses produtos se encaixa melhor tanto no planejamento dos custos, quanto na proposta do projeto”.
3. Cimento Portland comum
Aumento de 13,28%
O cimento, infelizmente, é um material que não pode ser substituído em uma construção, porém, a solução para reduzir o uso dele é escolher o gesso para o reboco das paredes internas, como aconselha a arquiteta Maira Dultra (@mairadultra.arq). “O gesso é bem mais barato que o cimento. Hoje um saco de cimento de 50kg custa em torno de R$ 46,90 e já o saco de gesso com a mesma quantidade sai por R$ 25, quase 50% mais barato”.
4. Pedra britada
Aumento de 11,20%
Nesse caso, o engenheiro chefe da Casacor Bahia e Sergipe, além de sócio proprietário da AMR Engenharia, Matheus Freitas (@matheuseng_), sugere uma boa conversa com o projetista da obra para ele poder pensar soluções em que o uso do concreto seja reduzido. “A pedra britada ainda é o agregado graúdo com o melhor custo-benefício na fabricação de concreto, porém, existem sistemas que sua utilização é menor, como estruturas de madeira e aço. Isso vai depender do modelo adotado pelo projetista”
5. Mármore e granito trabalhados
Aumento de 10,32%
Para tentar amenizar mais esse custo, a arquiteta Maíra Dultra (@ destaca a escolha por bancadas em porcelanato. “Hoje vem crescendo bastante a procura por bancadas de cozinha e banheiro feitas desse material. Como o porcelanato tem uma diversidade de tonalidades e acabamentos, é possível ter uma bancada com cores claras com preços bem acessíveis, que se fossem feitas de granito seria quase 60% mais cara”, compara.
6. Ladrilhos e placas para piso
Aumento de 9,18%
A arquiteta Maíra Dultra traz ainda mais uma estratégia para economizar com os ladrilhos e as placas de piso. Se for usar os ladrilhos para o chão em áreas que não molham, ao invés de trocar o piso antigo aposte no piso vinílico (autocolante) aplicado sobre o já existente. “Essa é uma alternativa que venho sempre usando com os clientes, porque conseguimos diminuir o valor da mão de obra, o tempo e o resíduo gerado e, além disso, economizar cerca de 15% a 20%”.
7. Placas cerâmicas para revestimento
Aumento de 9,18%
O engenheiro civil e professor da Uniruy Wyden, Cícero Bastos, pontua que é comum, por conta do valor menor, as pessoas trocarem o revestimento cerâmico por piso, sobretudo na fachada, o que pode trazer prejuízo ao longo do tempo. “Muitos compram o piso pelo preço, porém, ele não deve ser confundido com revestimento e nem ser usado para revestir parede, nem fachada, justamente por conta da sua resistência”. Uma alternativa mais em conta é trocar o revestimento cerâmico por argamassa. “E aí, é fazer um reboco simples, normal ou com textura”, sugere.
8. Tinta à óleo
Aumento de 9,09%
Uma saída prática e rápida pode ser a tinta spray, a depender da superfície como orienta a arquiteta Maíra Dultra: “Se estamos falando de superfícies de alumínio como uma grade dá para usar uma tinta spray, sim. No caso da pintura de uma superfície de madeira ou uma porta, a tinta spray também pode ser utilizada ou até mesmo a própria tinta PVA que sobrou da pintura da parede”.
9. Argamassa
Aumento de 8,40%
Quanto a argamassa, é importante saber o local em que vai ser aplicada. O engenheiro civil e professor da Uniruy Wyden, Cícero Bastos, comenta que a tecnologia avançou muito no uso desse material que já não serve apenas para reboco na mistura com cimento e areia, mas também no assentamento de blocos, regularização de pisos, colagem de cerâmica e rejuntamento. “O que vai baratear ou não o uso é respeitar sua especificidade, ou seja, utilizar a argamassa adequada para cada serviço”.
10. Tinta à base de PVA
Aumento de 8,23%
Hoje em dia, a maioria dos produtos tem uma variedade de marcas com diversos preços. Mas a tinta é um dos itens que a arquiteta Maíra Dultra aconselha que não se abra mão da qualidade na hora de pintar a casa. Isso, no entanto, não quer dizer que não existem alternativas para gastar menos. “Você pode comprar a tinta branca e o pigmento, ao invés da tinta pigmentada pronta. Uma tinta branca PVA boa custa R$ 280 a lata da grande. Já a pigmentada é quase o dobro, algo em torno de R$ 480”, explica. O papel de parede autocolante para destacar algum ambiente da casa é mais uma estratégia que funciona. “A própria pessoa pode colocá-lo e é uma maneira de evitar ainda o desperdício de comprar uma tinta pigmentada para uma parede apenas”, acrescenta.