Fonte luminosa de Ponta Negra. Foto: Ney Douglas
A situação da fonte luminosa do viaduto de Ponta Negra é um retrato claro e preciso do desleixo da gestão pública municipal com o dinheiro do contribuinte de Natal. O abandono do equipamento, retratado pelo AGORA RN em reportagem publicada na edição do último sábado 28, é um dos símbolos de gestões despreocupadas em zelar pelo interesse público.
Como mostrou a reportagem, a fonte abandonada está servindo de depósito de água parada, criando as condições ideais para a proliferação do mosquito da dengue. Isso num momento em que a capital potiguar enfrenta uma epidemia da doença, com sobrecarga do serviço de saúde.
Mas não é apenas o criadouro de Aedes aegypti que preocupa. A inutilização da obra em si chama a atenção e deveria indignar o cidadão natalense. Reinaugurada em 2015, durante a gestão do então prefeito Carlos Eduardo Alves, hoje pré-candidato a senador, a fonte luminosa praticamente nunca funcionou. Custou dinheiro e agora só serve para enfeiar a paisagem e agravar um problema de saúde.
Oficialmente, a prefeitura não solta uma palavra sobre o fato de o local estar inservível à proposta original. Resume-se a dizer que vai monitorar para evitar que ali se multipliquem focos de dengue.
Mas e a fonte em si?
Pode-se dizer que faltaram, no mínimo, zelo, planejamento e cuidado com o dinheiro do cidadão naquela obra. Defeituosa, a fonte nunca funcionou a contento, desperdiçando a oportunidade de transformar aquele lugar em um novo cartão-postal de Natal, cidade tão mal servida de atrativos de lazer, além de praia. Com a falta de manutenção ou resolução de problemas estruturais que dificultem que a fonte realmente funcione, fica o elefante branco.
A fonte luminosa de Ponta Negra é mais um exemplo de obras inacabadas que, no fim, não servem ao cidadão, drenam os já escassos recursos públicos e ainda por cima provocam um problema quando ficam pelo caminho.
A situação da obra deveria servir de exemplo para os gestores do que não fazer.
Aos órgãos de fiscalização, notadamente Ministério Público e Câmara de Natal, fica um chamado. Onde estão vossas excelências que não estão cobrando que a obra realmente seja concluída e sirva ao cidadão? Onde estão as autoridades em uma situação como essa, que envolve recursos públicos e área tão estratégica para a cidade?
Concluir uma obra e entregá-la efetivamente à sociedade é o que se espera de uma gestão moderna e de gestores que buscam alçar voos maiores.