As duas atletas questionaram as representações uma da outra em suas categorias. Foto: Richard Callis/SPP/CBF; reprodução/Instagram
Quando a rede social faz mal
O que levaria dois atletas de modalidades diferentes se alfinetarem em rede social em plena Olimpíada?
Boa pergunta e não tem resposta para ela, a menos que seja mais importante postar do que competir no certame dos sonhos.
Em 1950, o Brasil perdeu para o Uruguai e calou mais de 200 mil pessoas que se amontoavam num Maracanã em reforma.
Não havia rede social, não havia televisores. Mal havia telefone e os jornais impressos eram disputados à tapa nas ruas quando a manchete prometia.
Mas as figurinhas tarimbadas que entravam e saíam em profusão do vestiário da seleção brasileira antes do jogo e no intervalo deram a sua contribuição em desfavor da desconcentração dos favoritos.
Enquanto isso, quietinhos, concentrados para o jogo de suas vidas, os uruguaios entraram para calar a torcida gigantesca e produzir a tragédia conhecida como “Maracanazo”.
Hoje, ainda bem, o esporte é menos do que já foi em dramaticidade, embora ainda desperte sentimentos primitivos em muita gente.
As informações são instantâneas e perseguem as pessoas e não são perseguidas por elas. O gol mal acontece e plim: já tá no celular.
Essa liberdade é muita coisa, mas não pode ser tudo. Não pode ensejar ofensas ou a veiculação de mentiras notórias.
Só que nunca se mentiu e se ofendeu tanto como agora.
De um lado, a goleira da Seleção Brasileira feminina, Bárbara; de outro a atleta paralímpica brasileira Andréa Pontes.
Farpas para todo o lado e um conselho: olhem para Simone Biles a aprendam que saúde mental e foco são apenas para os distraídos ou os muito bem resolvidos.
Para as almas generosas que preferem criticar o próprio desempenho, esquecendo as desventuras do vizinho.
É questão olímpica e é também uma questão cultural.