Depois de quase 1 ano e meio aguardando por uma cirurgia para corrigir a chamada “bexiga baixa”, uma diarista de 44 anos, residente de Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, finalmente fez todos os preparativos para passar pelo procedimento na última quarta-feira (3 de abril). Acompanhada desde janeiro pelo Hospital Sofia Fieldman, instituição filantrópica que atende pelo SUS para a qual ela foi encaminhada, a mulher foi surpreendida já com roupão e acesso na veia, após preencher toda a documentação necessária, com a notícia de que a cirurgia não seria realizada no local, que, na verdade, não realizava esse tipo de operação.
Em entrevista ao O TEMPO, a mulher relatou que, desde que descobriu o problema de saúde, passou por várias unidades de saúde, incluindo o Posto de Saúde do bairro Itacolomi, onde mora, um hospital em Lagoa Santa e outra maternidade em BH. No entanto, até aquele momento, não tinha conseguido realizar a cirurgia, pois as unidades não dispunham dos equipamentos necessários.
“Em janeiro deste ano, fui encaminhada para o Sofia Fieldman pelo Posto de Saúde de Sabará. Lá, a médica me avaliou, confirmou a necessidade da cirurgia, solicitou exames de risco cirúrgico. Após realizar todos os exames e passar por outra consulta em março, fui liberada para a cirurgia. A data foi marcada para 3 de abril. Estava ansiosa para me livrar dessa condição, que me causa dor e desconforto, e minha expectativa foi frustrada quando fui informada, após todos os preparativos, que a cirurgia não aconteceria”, desabafou a diarista.
Na recepção, ainda chorando, ela foi informada por funcionários do hospital que ainda havia duas pessoas na sua frente na fila e que entrariam em contato quando fosse possível realizar o procedimento.
Hospital reconhece o erro
Questionada pela equipe do O TEMPO, a assessoria de imprensa do hospital Sofia Fieldman admitiu que a paciente foi encaminhada para uma cirurgia “para a qual não prestavam atendimento”. A instituição alegou que o agendamento foi realizado por uma profissional que não sabia que eles não realizavam esse tipo de cirurgia.
“É rotina solicitar que todos os pacientes com cirurgias agendadas cheguem às 6h da manhã para os procedimentos pré-cirúrgicos. Durante essa etapa, é conferida toda a documentação necessária, são fornecidas informações pré-anestésicas, entre outros. Foi nesse momento que a equipe percebeu o equívoco e comunicou à paciente, orientando-a sobre o encaminhamento para outra instituição”, informou o hospital.
Questionada sobre o fato de a paciente estar passando por consultas desde janeiro e o erro só ter sido percebido no dia da cirurgia, a assessoria de imprensa afirmou que estão tomando medidas para evitar que incidentes como esse se repitam, além de dar suporte à paciente para resolver a situação.
Prefeitura de Sabará culpa Secretaria de Saúde de BH
Como a paciente foi encaminhada ao Hospital Sofia Fieldman pela Secretaria Municipal de Saúde de Sabará, a Prefeitura do município se pronunciou. Segundo a cidade, em setembro de 2023, o Posto de Saúde Itacolomi a cadastrou no Tratamento Fora do Domicílio (TFD), da Central de Regulação do Estado de Minas Gerais.
Após isso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Belo Horizonte agendou a consulta inicial para 5 de fevereiro deste ano, indicando o hospital Sofia Fieldman como referência. A Prefeitura de Sabará enviará um pedido formal à TFD para reagendar a consulta em uma unidade de saúde definida pela Central de Regulação de MG.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) esclareceu que, por se tratar de cirurgia eletiva, a gestão das filas de acesso, priorização e agendamentos são responsabilidade das Secretarias Municipais de Saúde, não envolvendo a SES-MG.
A SMS de BH afirmou que não houve erro por parte da pasta, pois o Hospital Sofia Fieldman é habilitado para realizar o procedimento solicitado pelo município de Sabará. A paciente será encaminhada para uma avaliação em outra unidade hospitalar.