Uma mulher pede um carro por aplicativo para a Secretaria da Saúde, em Salvador. No meio do trajeto, começa a chover e o motorista fecha os vidros do veículo, a fim de evitar entrar água no interior do carro. Ele liga o ar-condicionado e, neste momento, a passageira afirma que estava passando mal.
Na versão da vítima, que foi informada pela Polícia Civil da Bahia, nesta quinta-feira (14), ela sentiu um cheiro forte saindo da região da frente do carro. A situação está sendo comumente comentada nas redes sociais como “golpe do cheiro”, onde motoristas estariam dopando mulheres para cometer sequestros e atos criminosos.
O motorista, nesta sexta-feira (15), alegou que ligou o ar-condicionado para não ficar calor no interior do carro, já que teve de fechar os vidros. Segundo Rudival Cunha, que trabalha como condutor há três anos no aplicativo, a mulher informou que estava passando mal e suspeitou que ela estaria tendo uma síndrome do pânico.
“Logo assim que eu liguei o ar condicionado, ela começou a dizer que estava passando mal, mas em momento algum ela falou que era por conta do ar. Só disse que estava passando mal, inclusive, na hora, eu imaginei que ela poderia estar tendo uma síndrome do pânico ou alguma coisa parecida”.
Questionado sobre a passageira ter informado na 1ª Delegacia Territorial dos Barris, no Centro de Salvador, que ela foi deixada em uma sinaleira e que foi segurada após sair do veículo, o condutor negou as acusações e explicou que não teria como agarrá-la, por que “quando ela alegou que estava passando mal e eu informei que não podia parar na Contorno, ela passou para o lado do banco do carona dizendo que iria descer”.
Ainda no relato, ele disse que não tirou as mãos do volante em nenhum momento, seguindo com a negativa de que tinha colocado as mãos na passageira ou que teria aberto algo com cheiro forte. O motorista ainda contou que pediu calma porque a mulher estava nervosa com a situação e que, durante a ligação que ela conseguiu fazer para uma pessoa chamada Tiago, não revelou que tinha sido supostamente dopada. Por fim, Rudival informou que na segunda-feira (18), dará sua versão completa do depoimento, porque a delegada que estava de plantão, alegou que os depoimentos eram idênticos.
Em nota, a Uber falou que já tem conhecimento do golpe que está circulando entre os motoristas, mas que tem apenas dois casos confirmados, um em Canoas (RJ) e outro no Rio de Janeiro, capital. No entanto, os inquéritos foram arquivados. “A empresa não tem conhecimento de nenhum inquérito que tenha sido concluído, elementos que comprovem o uso de quaisquer substâncias com o propósito de dopagem ou com o indiciamento do proprietário agressor”, diz uma nota.