Há cinco dias, Marcela da Silva Rodrigues, de 29 anos, diz não ter notícias ou contato com a filha Maya Rodrigues, de 7 meses. Marcela é mineira, mas se mudou para Vila Velha (ES) com o ex-companheiro e o outro filho, de 8 anos, quando a menina tinha poucos dias de vida. Ela conta que, há cerca de dois meses, vem falando com o ex que gostaria de voltar para Belo Horizonte. No entanto, na última sexta-feira (15), o casal teve um desentendimento.
“Ele chegou em casa bêbado, querendo quebrar as coisas. Liguei para a mãe dele, ela o buscou, e os dois saíram discutindo pela rua”, relata Marcela. No sábado (16), ela diz que viu sua vida virar de cabeça para baixo.
“A mãe dele (ex-companheiro) veio com a filha dela para buscar roupas para ele (o ex). Eu abri o portão para elas, mas fui ao banheiro por alguns minutos. Quando voltei, as duas haviam sumido com Maya”, relata.
Desde então, Marcela conta que não teve mais notícias da bebê, que ainda está em fase de amamentação. “Estou desesperada. Ela ainda mama no peito e começou a comer papinha agora. Me tiraram ela na marra. Quero minha filha perto de mim”, suplica. Ela informou ainda que as mulheres chegaram até a casa de Marcela de carro, porém, quando a moça foi até a janela, o veículo já não estava mais na rua.
O ex-companheiro só mandou áudios para Marcela informando que não adiantaria procurar a polícia “porque a criança está com o pai”. No entanto, ele não tem informado a mãe sobre a situação da menina.
A Polícia Civil do Espírito Santo informou, por meio de nota, que já investiga o caso. No entanto, como a criança pode estar com o pai, não se pode falar em sequestro. A definição dos possíveis crimes só será feita após a apuração. A reportagem teve acessos aos boletins de ocorrência registrados por Marcela e também aos áudios enviados pelo ex.
“A princípio, não é tratado, no sentido da legislação, como sequestro e nem subtração de incapaz, visto que ainda não existe guarda judicial da criança definida e tanto o pai quanto a mãe possuem direitos iguais relacionados ao filho”, informou a corporação capixaba.
A reportagem tentou contato com o rapaz e também com a mãe e com a irmã dele. A mãe se limitou a dizer que “essa narrativa dela (Marcela) é baseada em desespero, a menina está com o pai”. A mulher não respondeu sobre supostamente ter entrado na casa de Marcela e ter levado a bebê.
Pedido de socorro
Sem parentes ou amigos no Estado vizinho, Marcela pediu ajuda da mãe, Ana Lúcia da Silva Batista, de 56 anos. A senhora, com o auxílio do padrinho do filho de Marcela, alugou um carro e saiu de Belo Horizonte em direção à Vila Velha, no domingo (17).
Mãe e filha procuraram a delegacia e fizeram a denúncia. No entanto, Marcela ainda não teve auxílio. “Fui até a delegacia, mas não cheguei a conversar com nenhum delegado. O Conselho Tutelar também não me ajudou”, diz ela. “Não como, não durmo. Se cochilo cinco minutos, acordo assustada, procurando por ela (Maya)”, detalha.
Mudança para Vitória e convivência do casal
Marcela e o ex-companheiro estavam juntos há cinco anos. Antes disso, ela já havia tido um filho, que hoje tem 8 anos. Há sete meses, o homem quis voltar para a sua terra natal, onde a família tem uma marcenaria. A jovem aceitou o convite, já que, na capital mineira, os empregos estavam escassos. Ela, o rapaz e as duas crianças foram viver em uma casa alugada, em Vila Velha.
Segundo a moça, o ex-companheiro já apresentava comportamentos violentos, além de beber bastante. “A gente só estava brigando, falei que queria me separar. Ele chegava de madrugada, alcoolizado”, relata.
Ainda segundo ela, o rapaz chegou a “empurrar contra a parede algumas vezes”. Agora, Marcela teme não rever a filha ou sofrer uma violência. “Tenho receio de ele vir aqui (na casa onde ela está morando), tomar alguns goles de cachaça e fazer alguma maldade”, afirma.
Sem condições de ficar no Espírito Santo
Além disso, Marcela e a mãe (que viajou para Vila Velha) estão em uma casa alugada. Elas não sabem se o aluguel do mês já foi pago ou até quando vão poder ficar no local. “A gente não sabe até quando vai poder ficar aqui. Eu só quero ir embora (voltar para BH)”, conta. A moça não tem trabalho em Vila Velha nem condições financeiras para pagar a estadia no Estado vizinho.