Depois de um longo período com pouca representatividade na liderança das comissões permanentes na Câmara dos Deputados, parlamentares de Minas Gerais parecem estar ganhando mais destaque à frente dos colegiados temáticos da Casa. Pela segunda vez em uma década, seis representantes de Minas Gerais assumiram a presidência de comissões, após as eleições realizadas no último mês. Isso também ocorreu no ano passado, quando mais seis parlamentares do estado assumiram a liderança dos órgãos legislativos. Além disso, os parlamentares de Minas Gerais foram os que mais conquistaram cadeiras à frente dos colegiados em 2024, se comparados aos de outros estados.
Anteriormente, um levantamento feito pela Câmara a pedido do jornal O TEMPO mostrou que o maior número de vagas ocupadas por mineiros nos últimos dez anos havia sido cinco, em 2015. Em outros anos, como 2016, 2017 e 2021, os parlamentares do estado chegaram a assumir a presidência de apenas duas comissões. Em 2022, somente a Comissão de Seguridade Social foi chefiada por um deputado de Minas Gerais.
A escolha dos líderes das 30 comissões é negociada entre os partidos, sendo que aqueles com maior número de parlamentares têm preferência na escolha das comissões que desejam presidir.
Neste ano, por exemplo, o PL teve prioridade e assumiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que ficou sob o comando da deputada federal Caroline de Toni (PL/SC). O colegiado é considerado o mais cobiçado pelas bancadas, uma vez que a maioria das pautas de interesse do governo federal tramita por lá. Segundo o levantamento da Câmara, a última vez que a CCJ teve um parlamentar eleito de Minas à frente foi em 2017, com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que hoje preside o Congresso.
Outra comissão disputada pelo PL este ano foi a de Educação, que ficou com Nikolas Ferreira (PL). Essa escolha provocou forte reação da base governista, que chegou a ameaçar retirar todos os nomes indicados para outras comissões em protesto, por considerar o posicionamento do deputado mineiro muito radical para o cargo.
A Comissão de Viação e Transportes, considerada estratégica para a aprovação de pautas de interesse de Minas Gerais, também foi assumida por um parlamentar eleito do estado em 2024. Pouco depois de assumir o cargo, o deputado federal Gilberto Abramo (Republicanos-MG) afirmou em entrevista ao jornal O TEMPO que sua escolha representava o reconhecimento da importância de Minas no cenário nacional.
Abramo também declarou que pretende estabelecer um diálogo efetivo com os Ministérios para garantir a alocação adequada de recursos e a implementação de políticas para a recuperação e manutenção das estradas de Minas.
Além dos colegiados de Educação e Viação e Transportes, deputados de Minas assumiram a presidência das comissões de Ciência, Tecnologia e Inovação, liderada por Nely Aquino (Podemos-MG); Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, com Pedro Aihara (PRD-MG); Defesa dos Direitos da Mulher, com Ana Pimentel (PT-MG); e Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, com Weliton Prado (Solidariedade-MG).
Para que serve uma comissão
Os 30 colegiados temáticos da Câmara dos Deputados debatem e votam propostas legislativas relacionadas aos seus temas. As comissões emitem parecer sobre as propostas antes da votação no Plenário. Em alguns casos, os membros das comissões também podem votar os projetos em caráter conclusivo, ou seja, podem aprovar ou rejeitar uma proposta sem que ela passe pelo Plenário da Casa.