Minas Gerais mantém sua posição em primeiro lugar no ranking da lista suja do trabalho escravo. Com 151 empregadores listados, o estado possui quase o dobro de São Paulo, que ocupa o segundo lugar com 78 empregadores. No último ano, mais de mil trabalhadores foram resgatados em condições precárias. Em alguns casos, as pessoas eram encontradas dormindo no chão sobre papelão.
“Infelizmente, mais uma vez, Minas Gerais se destacou na lista do trabalho análogo à escravidão. Dois fatores contribuem para explicar essa realidade: a ganância e a crueldade. A ganância de ter poder, ganhar muito dinheiro que anda lado a lado com a crueldade de submeter pessoas às condições mais desumanas possíveis. O trabalho escravo é uma vergonha”, afirma o superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, Carlos Calazans.
Os trabalhadores atuam em diversas áreas, como salienta Calazans. “Minas Gerais possui uma grande diversidade industrial e econômica. Na área agrícola, temos café, plantações de alho e cebola. Além disso, as carvoarias, o trabalho doméstico e a construção civil. Devido a essa diversidade econômica, muitos são atraídos e acabam se tornando vítimas”.
O relatório produzido pela equipe de fiscalização destacou as condições em que os trabalhadores foram encontrados. “A maneira como os empregadores agem é inaceitável: pessoas dormindo no chão sobre papelão, bebendo água de uma mangueira, comendo de qualquer jeito. Não podemos permitir que essa situação continue em Minas Gerais”.
Para mudar esse cenário, Calazans defende a participação de toda a sociedade. “Precisamos da mobilização de todos. Não podemos aceitar que a ganância e a crueldade continuem fazendo tantas vítimas. Se você tem algum parente que saiu para trabalhar em outra cidade e não tem dado notícias, denuncie. Ligue para o Disque 100. Precisamos do apoio de todos”.
A lista contendo os nomes das empresas será entregue, nesta terça-feira (9 de abril), à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal (MPF). “Queremos que a justiça tome providências e que os empregadores paguem por seus atos. Tudo o que constatamos é um absurdo”, concluiu Calazans.