Foi colocado em liberdade, na manhã desta quarta-feira (29 de novembro), o adolescente de 15 anos que foi apreendido na última terça (28) sob suspeita de envolvimento em ameaças de massacre que foram enviadas para funcionários da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus, na Bahia. No quarto do garoto, os policiais mineiros encontraram materiais que indicam que ele participava de grupos nazistas e supremacistas.
Apesar do processo correr em segredo de Justiça, por envolver um adolescente, a informação da liberação do menor em Audiência de Custódia ocorrida nesta manhã foi confirmada a O TEMPO pelo advogado do menino, Bruno Correa Lemos.
“O Adolescente foi liberado pela Justiça, mediante proibição de acesso às redes sociais e qualquer outro meio eletrônico. O processo seguirá e a Defesa apresentará as provas pertinentes em momento próprio”, detalhou, por nota, o representante do menino.
O menino foi apreendido após as investigações da Polícia Civil da Bahia, que começaram após ameaças chegarem em diversos endereços virtuais da universidade, no último dia 16 de novembro. As mensagens anunciando o massacre continuaram chegando e, em uma delas, foram anexadas imagens de pornogafia infantil.
A partir destas ameaças cibernéticas, o setor de inteligência iniciou os levantamentos que levaram até o adolescente mineiro, que seria o remetente das ameaças. Com o mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça, nesta terça os policiais mineiros foram até a casa, localizada na região Leste da capital mineira, onde foram encontrados um celular e um computador.
De acordo com o delegado Ângelo Ramalho, da Polícia Civil de Minas, as ameaças eram muito fortes. “Fizemos as buscas com o auxílio do nosso laboratório de crimes cibernéticos. Foi possível constatar que esses dispositivos eram utilizados para divulgar esse tipo de conteúdo, de massacre, outros a outros temas de ódio, também, e ainda, um vasto conteúdo de pornografia infantil”, detalhou o policial.
O encontro de conteúdos de pedofilia motivaram a apreensão em flagrante do adolescente, que poderá pegar até 3 anos de internação pelos crimes. “No quarto dele, tinham uns escritos na parede que fazem alusão a símbolos, que a gente vai investigar ainda. Mas esse adolescente é uma pessoa que busca, que faz parte de grupos na internet, relacionados ao nazismo, à supremacia branca. Enfim, é uma pessoa que busca a violência”, pontuou o delegado mineiro.
Garoto abandonou escola
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão na casa onde o adolescente de 15 anos vivia com o pai, na região Leste de Belo Horizonte, a Polícia Civil descobriu que o garoto abandonou a escola e teria, segundo o delegado Ângelo Ramalho, uma “fobia social”.
“Ele não estuda, não trabalha. Fica literalmente todo seu tempo no quarto, de frente para o computador. O alerta que a gente faz o tempo inteiro é que não significa que o seu filho ficar no quarto, em uma sexta-feira à noite, ele esteja seguro. É importante que os pais supervisionem, pois o seu filho pode estar sendo vítima de um crime ou até autor”, alertou o policial.
Questionado sobre se o pai do garoto suspeitava do envolvimento do garoto nos crimes, o delegado disse que o pai disse suspeitar que ele pudesse tivesse algum problema relacionado à internet, mas não acreditou quando soube que se tratava de uma situação tão grave. “Não acreditou, pois, na cabeça dele, o filho não se envolveria em algo tão grave, como massacres e pornografia infantil”, finalizou Ramalho.
As investigações continuam com a Polícia Civil da Bahia, que conta com o auxílio do Ministério da Justiça e, também, da Polícia Civil de Minas, que participará analisando os materiais apreendidos com o adolescente no Laboratório de Crimes Cibernéticos, na capital mineira.