Marisa Monte se apresenta nesta terça-feira no Teatro Riachuelo. Foto: Leo Aversa
“Portas” é o nome da nova turnê da cantora.O tão esperado reencontro com os fãs começou no Rio de Janeiro e São Paulo, com passagem pelos Estados Unidos e Europa. No segundo semestre, os shows continuam pelo Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e México. Além das canções do novo álbum, o repertório do show destaca os momentos importantes da carreira de mais de três décadas da cantora e compositora.
No palco, Marisa é acompanhada por Dadi (baixo, violões e piano), Davi Moraes (guitarra), Pupillo (bateria), Pretinho da Serrinha (percussão e cavaquinho), Chico Brown (violões e piano), Antonio Neves (arranjo dos metais e trombone), Eduardo Santana (trompete) e Oswaldo Lessa (saxofone e flauta). Em Natal, o show é uma produção da Viva Promoções, Multientretenimento e Toque Fogo. com classificação etária de 16 anos.
Confira o bate-papo com a artista:
Agora RN – Primeiro trabalho solo e inédito desde 2011, “Portas” desembarca em Natal nesta terça. Ele foi lançado no ano passado, ainda em meio à pandemia. Como foi o seu processo criativo e de gravação? Como a pandemia influenciou?
Serra da Marisa – Quando a pandemia começou estava prestes a entrar no estúdio, tinha um repertório pronto mas tivemos que adiar por quase oito meses até que as coisas ficassem mais claras. Acabei nesse tempo fazendo mais canções. Foi um grande desafio encontrar para gravar, mas encaramos com muito cuidado e responsabilidade. Optamos por um método de produção misto, alternando gravações presenciais no Rio com gravações e remotas em Lisboa, Madri, Barcelona, NY e LA. Para minha surpresa, a tecnologia nos possibilitou experimentar formas de relacionamento que não teríamos tentado se não fosse pela necessidade extrema e deu muito certo. Nesse sentido, a conectividade digital do mundo contemporâneo foi destaque na pandemia. Portas acabou sendo um álbum que fiz com mais colaborações internacionais, em mais cidades diferentes, sem sair do Rio e sem perder o calor nem o espírito coletivo.
Agora RN – O disco tem um tom bastante otimista. Qual é a música que você destaca neste trabalho e por quê?
Serra da Marisa – “Portas”, que dá nome ao disco, que é um elemento bastante simbólico, representam passagens, transformações, escolhas, opções, mudanças, alternativas, aberturas, fechamento. “A Língua dos Animais” que fala sobre a relação da natureza com a própria intuição.
Agora RN – Como é voltar aos palcos depois desse período de isolamento? O que podemos esperar do repertório?
Serra da Marisa – Foi um reencontro muito esperado, e tem sido emocionante ver o público entre lágrimas e sorrisos nos palcos do Brasil e do mundo. Várias pessoas relatam estar saindo de casa para um evento pela primeira vez desde 2020 e isso provoca sentimento de alegria e alívio. O show terá canções de todas as fases da minha carreira, desde músicas antigas do primeiro disco até as músicas novas.
Agora RN – Você já se apresentou várias vezes em Natal. Qual é sua percepção da cidade e dos fãs natalenses?
Serra da Marisa – O público potiguar é caloroso, afetuoso, e afinado e é sempre uma alegria pra mim voltar a Natal, cidade que amo.
Agora RN – Recentemente, você se posicionou de forma política, recebeu apoio e também algumas críticas. Você acredita que a arte ajuda a mudar realidades?
Serra da Marisa – Não tenho uma visão limitada de política. Política para mim não se limita à política partida, é algo mais amplo, ligado ao cotidiano, às relações, ao diálogo, a tudo que a gente vive na nossa vida real, na família, no trabalho, nas ruas, no coletivo. Tenho interesse por movimentos sociais civis que nascem da própria sociedade organizada, onde vejo os movimentos mais interessantes e potentes acontecendo. Compartilho todos os sentimentos de incerteza, angústias e medos desse momento trágico que estamos vivendo, mas através da arte quis oferecer uma resistência poética, criativa e amorosa. Apesar de todas as dificuldades de curto prazo, acredito que estamos no processo evolutivo civilizatório, e que se avaliarmos uma curva de tempo mais larga, de 50 ou 100 anos certamente perceberemos os avanços no campo da ciência, do comportamento, dos direitos civis e das liberdades individuais. Isso é uma construção coletiva social, que demora tempo, não é tão rápida quanto gostaríamos, mas segue sempre no fluxo constante em direção ao progresso, apesar dos momentos de retração conservadoras como infelizmente estamos vivendo. Nesses momentos, a arte nos oferece um campo de exploração do imaginário onde tudo é permitido e que serve de alento e esperança e nos reconecta com o futuro. Precisamos poder sonhar com um país melhor para transformar o ideal em real.
Agora RN – O que podemos esperar de novidades para este ano?
Serra da Marisa – Esse ano tenho muitos shows pela frente, depois de quase dois anos fora dos palcos por causa da pandemia. Em junho e julho estarei na Europa, em setembro na América Latina, acabei de fazer 12 shows nos Estados Unidos e muitos também aqui no Brasil. É um ano de reencontro, de reativação e expressão do coletivo, de eleição no Brasil, um ano de muita intensidade.
Serviço
Data: Terça-feira, 26 de abril de 2022
Horário: 21h
Local: Teatro Riachuelo
Classificação etária: 16 anos
Vendas online: uhuu.com