Na postagem a mulher fala sobre a importância de acompanhar e cuidar da saúde mental dos jovens
“A internet está doente”. Este é um trecho do desabafo da cantora de forró Walkirya Santos, em um vídeo de pouco mais de três minutos, que viralizou na internet, na última terça-feira (3). A mulher postou o conteúdo nas redes sociais após a morte do filho de 16 anos. O adolescente cometeu suicídio na casa que morava com a mãe em Natal, no estado do Rio Grande do Norte, depois de ser alvo de cyberbullying – vítima de discursos de ódio nas redes, após ter postado um vídeo de 12 segundos na plataforma TikTok com amigos – em que ele transparece a intenção de beijar a boca do colega.
Retratação – Mediante uma enxurrada de ataques e milhões de visualizações, o garoto fez um novo vídeo se retratando “gente queria dizer que era só brincadeira, eu e os meus amigos somos héteros”, explicou o adolescente. Mas os ataques continuaram, o que para o menino foi duro de suportar. A Reportagem de O Tempo tentou entrar em contato com a mãe do garoto, mas o noivo dela, Vitor Melo, informou que a família estaria viajando em retiro, e que no momento não iriam falar sobre o assunto com a imprensa.
Haters – Em meio ao discurso emocionado a mãe do adolescente criticou os haters – termo usado para classificar pessoas que postam comentários de ódio.
“Hoje perdi o meu filho, uma dor que só quem sente vai entender. Ele postou um vídeo no TikTok, uma brincadeira de adolescente. E achou que as pessoas iam achar engraçado, mas não acharam e destilaram ódio,” desabafou Walkyria.
Alerta
Em outro trecho do vídeo a cantora faz um alerta a pais sobre a importância de acompanhar e cuidar da saúde mental dos jovens quanto a exposição na internet. “As pessoas deixaram comentários maldosos. Meu filho acabou tirando a vida, estou desolada e acabada. Estou sem chão. Estou aqui como uma mãe. Ele já tinha mostrado sinais, já tinha levado em psicológico. Mas foram os comentários nesse TikTok que fez com que ele chegasse a esse ponto, ” avaliou.
Especialista – De acordo com a psiquiatra e psicanalista Gilda Paoliello os pais não podem ter medo de impor limites aos filhos no território da internet. “Hoje em dia não tem como uma criança ou um adolescente ficar sem ter acesso à internet. Ele não pode viver alienado ao mundo contemporâneo. Todavia, os pais devem impor limites – horários e ter acesso a senhas e monitorar sempre. Não existe a idade certa para se ter uma rede social, o que deve existir é o acompanhamento sistêmico familiar sobre a exposição às redes,” frisou.
A psicóloga Letícia Fontes corrobora com a afirmativa da psiquiatra sobre a importância da imposição de limites, e ainda acrescentou sobre a importância de os pais investirem em uma criação que preze pela verdade da vida real. “A criação deve impor ensinamentos que valorizem que as crianças e jovens sejam mais tolerantes e menos extremistas para lidar com as frustações. Deve ser explicado sobre as consequências dos atos. Os pais devem atentar aos filhos quanto a importância de saber separar a vida virtual da vida real, mostrando valores que agreguem positivamente na formação da personalidade”, comentou.
Ajuda – A psicóloga também leva em consideração que os pais devem ficar atentos quanto aos sinais que as crianças ou adolescentes dão quando estão se sentindo incomodados. “Raiva, tristeza, ansiedade, são alguns sinais que devem ser levados em consideração que algo não está indo bem com a criança ou o adolescente, vale acionar um profissional para a obtenção de auxílio. Vale lembrar que é importante os pais manterem sempre diálogo aberto com os filhos para ficar mais fácil a percepção de mudanças comportamentais”, pontuo.