O possível fechamento dos shoppings populares Uai Centro e O Pontoem Venda Nova, preocupa os lojistas que saíram da informalidade e encontraram nesses espaços a forma de trabalhar sem ter medo de terem mercadorias apreendidas pela fiscalização da prefeitura. A Câmara de Dirigentes Lojista (CDL) se mostra preocupada com a possível concorrência desleal de camelôs com os comerciantes de Belo Horizonte.
A reportagem mostrou que, por questões financeiras, os referidos shoppings podem fechar na capital mineira. Para repercutir o possível fechamento, O TEMPO foi até os centros comerciais conversar com os lojistas. Todos eles se mostraram preocupados e até temem ter que voltar para as ruas, local onde passaram por experiências nada agradáveis.
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Os entrevistados optaram por não divulgar as identidades e, por isso, terão os nomes preservados nesta reportagem. “Estamos acompanhando este possível fechamento. Se isso ocorrer, ficarem à mercê, desempregados. Se já está ruim agora, imagina com isso aqui fechado. Tem que manter o shopping aberto para trabalharmos e levarmos o sustento para nossas famílias”, revelou um comerciante que trabalha no local há cinco anos.
Um lojista conta ter trabalhado durante anos nas ruas, de forma irregular, já que a atividade de camelô é proibida em Belo Horizonte pelo Código de Posturas. O shopping popular foi a forma encontrada para conseguir exercer a profissão sem ter medo das mercadorias serem levadas.
“Já fui camelô, vim pra cá e agora querem nos tirar daqui. Deveriam nos ajudar. Já perdi a conta de quantas vezes minhas mercadorias foram levadas pela fiscalização. Sem o shopping ficarei sem serviço. Para a rua não tem como voltar, pois a fiscalização é severa demais. O nosso lugar tem que ser aqui”.
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Os corredores vazios e os boxes fechados causam tristeza em outro trabalhador do shopping. “É certo que o movimento está cada dia mais fraco e os lojistas sem condições para trabalhar. Confesso que nem sei o que vou fazer se isso aqui fechar. A minha loja é o sustento da minha casa. É triste termos que voltar para as ruas, pois lutamos tanto para conseguir montá-la. Complicado”.
Volta dos camelôs é “péssimo”
A CDL-BH, por meio do presidente Marcelo Souza e Silva, pede para os órgãos públicos agirem diante do possível aumento de camelôs em Belo Horizonte. “A volta dessas pessoas para as ruas e de outros ambulantes é péssima para Belo Horizonte que tem mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor de comércio e serviço”, afirma.
Marcelo destaca ainda que os ambulantes geram uma “concorrência desleal” com os trabalhadores formais. “Tiram empregos, vendem mercadorias de procedência duvidosa e criam um ambiente de furto e roubo nas pessoas que estão passando”.
“Pedimos para a Prefeitura, Guarda Municipal, polícias Militar e Civil para que isso não volte na nossa cidade”, complementou.