Obra do jornalista Pedro Rocha traz informações de bastidores e detalhes da reconstrução do clube catarinense no ano seguinte à tragédia que vitimou 71 pessoas
A tragédia da Chapecoense, em novembro de 2016, quando 71 pessoas morreram no fatídico voo da Lamia que levava a delegação para Medellín, na Colômbia, deixou tristes rastros e feridas abertas até hoje. O assunto, fartamente documentado e merecidamente relembrado, é conhecido de cor e salteado pelo grande público. O que poucos sabem é como foi a desafiadora temporada de reconstrução da Chape, o ano de 2017 do clube catarinense. E é exatamente esse o tema do livro do jornalista Pedro Rocha, “Chapecoense – O Milagre do Recomeço”, lançado pela Agência Número Um.
O ano em que a Chapecoense ressurgiu das cinzas foi marcante para o clube, mesmo que a temporada ficasse, de certa forma, com o passar dos anos, longe dos holofotes. Pedro, que se mudou para Chapecó exatamente no ano seguinte ao acidente, detalha de forma precisa e com muitas histórias de bastidores, todo o processo pelo qual viveu o clube, não só dentro de campo, como nas tortuosas retaguardas da Chape, além de sempre mostrar o clima e as reações da cidade do oeste catarinense em relação a um de seus maiores patrimônios – a Chapecoense tem um valor inestimável para a cidade..
Com prefácio de Galvão Bueno, que participou de forma efetiva da cobertura da tragédia de 2016, o livro traz em detalhes a montagem, do zero, de uma nova equipe, os processos de contratações de membros da comissão técnica e do elenco, o luto na cidade e um novo meio de viver, não só dos envolvidos diretamente com o clube, como o próprio profissional, que teve um período de trabalho muito enriquecedor e também permeado de desafios.
Em 2017, a Chapecoense jogou sua primeira Libertadores – e foi eliminada de forma bizarra, por meio de um erro administrativo, atuou no Camp Nou contra o Barça de Messi, foi a Roma, foi recebida pelo Papa Francisco, ganhou o prêmio Laureus, venceu o Campeonato Catarinense e, via Brasileirão, chegou à Libertadores de 2018. Um ano intenso.
Assim como foram intensos o luto, a relação das famílias das vítimas com o clube e o carrossel de emoções vividas por quem esteve ali perto, como foi o caso de Pedro Rocha, que se identificou com a cidade e com o clube de uma maneira muito especial, o que não o impediu de criticar quando foi necessário.
Além do relato precioso e detalhado do ano esportivo como um todo, inclusive com todas as fichas das partidas e muitas fotos, o livro tem méritos por trazer à tona o que poucos conseguem ver no dia a dia cada vez mais fechado dos clubes. O autor sai do lugar comum ao entremear bastidores, problemas, emoções, perdas e ganhos fora das quatro linhas. Um registro único e especial de um ano de um clube de futebol que se tornou especial para muito além de suas fronteiras.
Serviço: “Chapecoense, o Milagre do Recomeço – A Trajetória da Chapecoense em 2017” (Agência Número Um, R$ 55, 182 páginas)
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